Os bispos da Irlanda e da Austrália exortaram seus governos a aumentar  os esforços para acolher os refugiados do Afeganistão após a rápida tomada do poder pelos talibãs e a fuga de dezenas de milhares de afegãos do seu país.

“Esta crise desencadeada oferece à Irlanda outra oportunidade para demonstrar nosso compromisso com a proteção dos direitos humanos, incluindo o acesso à educação para todos, e dar as boas-vindas ao estrangeiro entre nós”, disse dom Alan McGuckian, bispo de Raphoe e presidente do Conselho para a Justiça e a Paz da Conferência dos Bispos Católicos Irlandeses, em 18 de agosto. “Como nos recorda o papa Francisco, somos chamados a responder a tais desafios com quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar”, comentou. “Os valores da nossa tradição de fé irlandesa nos ensinam que a proximidade, o encontro e o diálogo autêntico podem trazer a verdadeira paz que o mundo necessita neste momento”.

Dom McGuckian pediu orações “pela proteção segura do povo do Afeganistão e outras regiões do mundo devastadas pela guerra”.

“A Irlanda, como uma das nações mais ricas do mundo, deve fazer mais pelas pessoas deslocadas à força em termos de acolhimento e integração, através do apoio estatal e comunitário. Sim, nossos corações estão profundamente comovidos pelas cenas de pânico das pessoas que fogem, mas não deveriam ser necessárias essas cenas e situações para obrigar os governos a agir”, afirmou. O bispo citou estatísticas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e disse que, no final de 2020, havia cerca de 82,4 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. “No entanto, 85% destes estão sendo atendidos nas nações menos ricas, e apenas 15% estão alojados nos países mais ricos do mundo, incluindo a Irlanda. O que isso nos diz sobre a solidariedade e a fraternidade em nosso mundo de hoje?”, perguntou.

Em carta publicada em 19 de agosto, o arcebispo de Melbourne e presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Austrália, dom Mark Coleridge, pediu ao primeiro-ministro australiano Scott Morrison que o governo aceite 20 mil refugiados, 17 mil a mais do planejado. “A Austrália se antecipou e deu um passo à frente para responder a importantes crises humanitárias. Exorto seu governo a ser generoso”, disse dom Coleridge. O arcebispo se comprometeu a pôr as agências católicas de ajuda “prontas para ajudar seu governo com o reassentamento de refugiados, como expressão da nossa grande preocupação pelo povo do Afeganistão”.

Segundo ele, seu pedido está fundamentado em estimativas de organizações humanitárias e compromissos de outros países. “Os afegãos correm o risco de ser perseguidos porque se opõem aos talibãs ou os talibãs se opõem a seu modo de vida, ou porque se colocaram do lado das forças militares de ocupação”, disse o arcebispo. “Parece ser nosso dever moral apoiar aqueles que apoiaram as forças militares australianas como intérpretes ou com outros recursos, pois provavelmente sofrerão represálias e inclusive a morte por seu trabalho”.

“Devemos também oferecer refúgio a outros afegãos que possam ser perseguidos ou ameaçados de morte pela sua oposição aos talibãs ou pelas suas crenças, valores e formas de vida, incluindo os membros da comunidade cristã. Existe um risco particular para as mulheres e a resposta humanitária da Austrália deve reconhecer e apoiar sua dignidade e direitos humanos”, disse o bispo.

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