Em meio à discordância entre lideranças católicas sobre haver ou não obrigação moral de vacinar-se contra covid-19, membros do conselho do Centro Nacional Católico de Bioética (NCBC na sigla em inglês) dos EUA estão sendo pressionados pelo arcebispo de Chicago, cardeal Blaise Cupich, a retratar-se de sua orientação contra vacinação obrigatória.

Com sede em Philadelphia, o NCBC é um centro de pesquisa cuja missão é “prover educação, direção, e recursos para a Igreja e a sociedade para manter a dignidade da pessoa humana em tratamentos médicos e pesquisa biomédica.” O conselho de diretores é presidido pelo arcebispo de Nova Orleans, Gregory Aymon, e inclui bispos, um diácono e leigos.

O centro publicou uma declaração no dia 2 de julho dizendo que “não apoia vacinação obrigatória contra covid-19” com qualquer uma das três aprovadas nos EUA, citando uma nota da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) de dezembro de 202, que dizia: “a razão prática deixa evidente que a vacinação não, como regra, uma obrigação moral e que, portanto, deve ser voluntária.”

Um dos membros disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI, que o cardeal Cupich está usando “mão pesada” sobre os bispos e alguns membros leigos proeminentes. Os membros da NCBC falaram à CNA com a condição de não terem seus nomes revelados.

A arquidiocese de Chicago não respondeu à CNA.

Os integrantes da NCBC disseram que se opõem à mudança que o cardeal pede.

“Eu acho que todo mundo deveria se vacinar, e os católicos deveriam ser os primeiros a dar o bom exemplo. Há precedentes legais nos quais o Estado obrigou a vacinação em circunstâncias extremas, mas a consciência das pessoas religiosas deveria ser respeitada,” disse um dos membros da NCBC.

O cardeal Cupich está exercendo “tremenda pressão” sobre a NCBC para se retratar de seu apoio à isenção religiosa ou de consciência a vacinação obrigatória e para passar a apoiar essa obrigatoriedade.

A CNA apurou que o centro não vê razão para mudar sua posição e que os membros do conselho que são bispos disseram que essa posição não é problemática.

A declaração do centro ressaltou que a Igreja tem consistentemente mostrado os problemas éticos de vacinas produzidas ou testadas com células derivadas de abortos e que obrigações exercem uma severa pressão que pode solapar a melhor tomada de decisão ética.

A declaração do centro acrescentou que a novidade do coronavírus e suas vacinas “deixam muitas questões médicas sem resposta”, o que pode impedir o consentimento livre e bem-informado de algumas pessoas.

Quando a vacinação é exigida, por empregadores, por exemplo, como está acontecendo nos EUA, o centro defende “robustas, transparentes e facilmente acessíveis isenções or razões médicas, religiosas e de consciência”, mas, dada a importância da saúde pública, “instituições que deem isenções podem requerer que os que as recebem restrinjam suas interações interpessoais.”

O centro também pôs à disposição uma carta-modelo de isenção e recursos sobre isenção.

Joseph Meaney, presidente do NCBC não quis fazer comentários ao ser procurado pela CNA.

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