O papa Francisco escreveu uma mensagem encorajando os jovens a responder “sim” à vocação de seguir a Jesus e a não permanecer tristes, como o “jovem rico” do Evangelho. Em carta enviada aos jovens reunidos em Medjugorje, Croácia, por ocasião do festival anual da juventude “Mladifest”, entre 1º e 6 de agosto, Francisco descreveu o festival da juventude como “uma semana de dedicação à oração e ao encontro com Jesus Cristo, especialmente na sua Palavra viva, na celebração da Eucaristia, na Adoração Eucarística e no Sacramento da Reconciliação”.

Na carta, o papa refletiu sobre o encontro de Jesus com o “jovem rico” narrado nos três evangelhos sinóticos (Mt 19,16-22; Mc 10,17-22; Lc 18,18-23). O tema do festival deste ano é a pergunta do jovem fez a Cristo: “Que devo fazer?”. “São palavras que nos colocam diante do Senhor que nos olha e, amando-nos, nos chama: Vem e segue-me!”, disse o papa. O primeiro passo dado pelo “jovem rico”, diz o papa, é “pôr-se em marcha, apressar-se para ir ao encontro do Senhor, cheio de emoção e anseio por encontrar o Mestre, para herdar a vida eterna, isto é, a alegria verdadeira”.

Segundo Francisco, o Evangelho “não menciona o nome daquele jovem, porque ele pode representar qualquer um de nós” e acrescentou que, “além de possuir muitos bens, parecia educado e motivado por um cuidado saudável, que o levou a buscar a verdadeira felicidade, ou seja, a vida em plenitude”.

Por isso, ele perguntou: “Bom mestre, o que posso fazer para herdar a vida eterna?”

O papa interpreta que “o jovem pressupõe, assim, o bem que se conquista com as suas próprias forças”. Jesus responde: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus!” Assim, acrescentou o papa “Jesus o orientou para Deus, que é o único e supremo Bem pelo qual chegam até nós todos os demais bens”.

Na sequência, Francisco afirmou que o primeiro passo “para ajudá-lo a ter acesso à fonte do bem e da verdadeira felicidade” consiste em “dar, a saber, aprender a fazer o bem ao próximo: se queres entrar na vida, guarda os mandamentos”, isto é, “mostra-lhe o caminho da vida eterna, que é o caminho do amor concreto ao próximo”.

“Mas o jovem respondeu que sempre o fazia e percebeu que a obediência aos mandamentos não era suficiente para torná-lo feliz”, afirmou o papa. “O Senhor reconheceu o anseio de plenitude que o jovem levava no coração e o cuidado sadio que o estimulou a buscá-lo. Por isso, sentiu ternura e carinho por ele”.

Depois, o papa sugeriu, como “segundo passo” diante da resposta à vocação, “a lógica do dom: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e se o fizeres, terás um tesouro nos céus”.

“Jesus mudou o ponto de vista do jovem: convidou-o a não pensar em como assegurar a eternidade, mas a doar-se completamente nesta vida terrena, imitando, assim, o Senhor... Jesus pediu-lhe que deixasse as coisas que lhe pesavam no coração e impediam o amor. O que Jesus propõe não é tanto um homem privado de tudo, mas um homem livre e rico em relações”, disse.

Na sequência, o papa descreveu o terceiro passo sugerido por Jesus: “Vem e segue-me!” e acrescentou que “seguir Cristo não é uma imitação exterior, porque toca o homem no seu interior profundo”.

“Ser discípulo de Jesus significa estar em harmonia com Ele”, como escreveu são João Paulo II em 1993, na carta encíclica Veritatis splendor.

“Seguir Cristo não é uma perda, mas um ganho inestimável, enquanto a renúncia à qual somos chamados é um obstáculo que dificulta o caminho. No entanto, o coração de um jovem rico é dividido entre dois mestres: Deus e a riqueza. Temendo o risco de perder seus bens, ele regressou para casa triste: ´Ele ficou abatido e retirou-se triste`. O jovem não hesitou em fazer uma pergunta importante, mas não encontrou a coragem para aceitar a resposta, que é um chamado a ´soltar-se` de si mesmo e de sua riqueza para ´se conectar` com Cristo e caminhar com Ele, para descobrir a verdadeira alegria”, afirmou Francisco.

O papa convidou os jovens a sentir as palavras de Jesus dirigidas a cada um: “Venham e sigam-me! Tenham a coragem de viver sua juventude confiando no Senhor e caminhando com Ele. Deixai-vos conquistar pelo seu olhar, que está cheio de amor e que nos liberta da sedução dos ídolos e da falsa riqueza que a vida promete, mas traz a morte. Não tenham medo de receber a Palavra de Cristo e aceitar seu chamado. Não se desanimem, como o jovem rico do Evangelho. Ao contrário, olhem para Maria, nosso grande exemplo de seguimento de Cristo, e confiem nela, que com as palavras ´eis aqui a escrava do Senhor` respondeu incondicionalmente ao chamado de Deus”.

Finalmente, Francisco fez um convite a dirigir “nosso olhar para Maria, para aprender a trazer Cristo ao mundo, como ela fez quando, cheia de carinho e alegria, correu para ajudar santa Isabel. Dirijamos o nosso olhar a Maria para transformar a nossa vida em um dom para os outros”, alentou o papa.

“Que te acompanhe todos os dias o olhar de um Deus que te ama, para que, no encontro com os outros, sejas testemunha da vida nova que recebeste como presente”, concluiu o papa, concedendo-lhes uma bênção e pedindo-lhes que também rezem por ele.

Medjugorie

Em maio de 2019, Francisco autorizou oficialmente a organização de peregrinações a Medjugorje “sempre que não impliquem um reconhecimento das aparições, já que ainda estão sendo estudadas pela Santa Sé”.

As supostas aparições começaram em Medjugorje em 24 de junho de 1981, quando seis crianças afirmaram experimentar fenômenos que, segundo afirmam, são aparições da Virgem Maria.

Segundo os supostos videntes, as aparições portavam uma mensagem de paz para o mundo, um chamado à conversão, à oração e ao jejum, e alguns segredos relacionados a eventos que se cumprirão no futuro.

Desde o início, as supostas aparições têm sido fonte de controvérsia e conversão. Enquanto alguns afirmam ter experimentado milagres, outros observam que as visões não são credíveis.

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Em janeiro de 2014, uma comissão do Vaticano concluiu um inquérito de quase quatro anos sobre os aspectos doutrinais e disciplinares das supostas aparições de Medjugorje e apresentou um documento à Congregação para a Doutrina da Fé.

Após analisar as conclusões da comissão, o dicastério dará seu parecer através de um documento que será entregue ao papa para uma decisão final.

Segundo revelou o próprio pontífice, em maio de 2017, durante o voo de retorno a Roma após sua visita a Fátima, o documento que está sendo estudado estabelece uma distinção entre as primeiras aparições marianas em Medjugorje e as posteriores. Sobre as “supostas aparições atuais”, disse Francisco, “o relatório apresenta dúvidas”.

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