Três bispos católicos criticaram a declaração do Parlamento Europeu de que o aborto deve ser considerado "cuidado essencial de saúde” e a objeção de consciência redefinida como uma "negação de cuidados médicos".

O arcebispo de Poznań, Stanisław Gądecki, presidente da conferência episcopal polonesa, disse que, com a aprovação do Relatório Matić pelo Parlamento Europeu na quinta-feira 25 de junho a União Europeia adota "uma cultura de morte e exclusão, com a ideologia tendo precedência sobre a razão". "Estou profundamente entristecido com a resolução do Parlamento Europeu pedindo a possibilidade de matar crianças que ainda não nasceram", escreveu o arcebispo de em sua conta no Twitter no dia 24 de junho.

O bispo de Delphin, Irlanda, dom Kevin Doran lamentou que todos os irlandeses do Parlamento Europeu tenham votado a favor do relatório. Em sua conta de Twitter, Doran disse: "É muito decepcionante ver cada um dos deputados irlandeses votar hoje contra o direito à liberdade de consciência que é reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos e a favor do direito humano inexistente ao aborto".

O arcebispo de Salzburgo, Áustria, dom Franz Lackner, presidente da conferência episcopal austríaca considerou "extremamente lamentável quando as instituições europeias tomam um caminho que estamos convencidos de que está errado", enfatizou Lackner na sexta-feira, 25, em um comunicado à agência de notícias Kathpress da conferência episcopal. “Classificar o aborto como uma medida de saúde e um direito humano degrada o nascituro e é eticamente insustentável”, disse o Arcebispo de Salzburgo.

A CNA, agência em inglês do grupo ACI, procurou a Comissão das Conferências de Bispos da União Europeia (COMECE), mas a entidade disse que não fará uma declaração a respeito do tema.

Um comunicado de imprensa do Parlamento Europeu emitido após a votação lamenta que alguns estados da UE tenham "uma chamada cláusula de consciência" permitindo a profissionais de saúde se recusar a fazer abortos. "Isso leva à negação da assistência ao aborto por motivos religiosos ou de consciência e coloca a vida das mulheres em perigo", diz o comunicado.

O parlamentar croata Predrag Fred Matić, autor do relatório aprovado pelo Parlamento Europeu, disse: "Esta votação marca uma nova era na União Europeia e a primeira resistência real a uma agenda regressiva que tem pisoteado os direitos das mulheres na Europa por anos".

A aprovação do relatório não obriga os países membros da União Europeia a adaptar sua legislação, mas é um instrumento de pressão. Só dois dos 27 estados membros da União Europeia, Polônia e Malta, não permitem o aborto.

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