O Papa Francisco expressou sua tristeza pela descoberta de crianças indígenas enterradas em um internato administrado pela Igreja no Canadá. Os restos mortais de 215 crianças no local da antiga Escola Residencial Indígena Kamloops foram localizados em meados de maio por meio de radar de penetração no solo. As crianças foram enterradas em túmulos não identificados e não está claro como morreram.

“Estes tempos difíceis são um forte apelo para que todos se afastem do modelo colonizador e, inclusive, das colonizações ideológicas de hoje, e para que caminhemos lado a lado no diálogo, no respeito mútuo e no reconhecimento dos direitos e valores culturais de todas as filhas e filhos do Canadá”, disse o papa.

A escola Kamloops, a maior de seu gênero, foi fundada em 1890 pelo governo canadense.  Em 1892 passou a ser administrada pelos Oblatos de Maria Imaculada. Em 1969, voltou ao controle do governo do Canadá e funcionou até 1978.

Ao finalizar a oração do Angelus no domingo, 6 de junho, o papa estendeu aos canadenses sua proximidade e orações, mas não emitiu um pedido formal de desculpas pelo papel da Igreja Católica nos internatos, como tinha pedido o governo canadense.

A Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá, que funcionou de 2008 a 2015, estimou que entre 4 mil e 6 mil alunos morreram como resultado de negligência ou abuso nos internatos do país, o último dos quais, administrado pelo governo federal, foi fechado em 1996. A investigação da comissão concluiu que o sistema canadense de internatos separou crianças nativas de suas famílias para afastá-las de sua cultura e forçar sua assimilação.

Entre as 94 recomendações feitas pela comissão, havia um apelo ao papa "para apresentar um pedido de desculpas aos sobreviventes, suas famílias e comunidades pelo papel da Igreja Católica Romana no abuso espiritual, cultural, emocional, físico e sexual das Primeiras Nações, Inuit e crianças de Métis em escolas residenciais geridas por católicos”. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, sugeriu a possibilidade de um pedido de desculpas durante audiência com o papa Francisco no Vaticano em 2017.

“Acompanho com tristeza as notícias do Canadá sobre a chocante descoberta dos restos mortais de 215 crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School, na província de British Columbia”, disse o papa. “Uno-me aos bispos canadenses e a toda a Igreja Católica no Canadá para expressar minha solidariedade ao povo canadense, que ficou traumatizado com as notícias chocantes”.

Francisco continuou: “A triste descoberta aumenta ainda mais nossa consciência da dor e do sofrimento do passado. Que as autoridades políticas e religiosas do Canadá continuem a trabalhar juntas com determinação para lançar luz sobre este triste evento e humildemente se comprometerem com um caminho de reconciliação e cura.”

Pedindo aos peregrinos que observassem um momento de oração, o papa disse: "Recomendamos ao Senhor as almas de todas as crianças que morreram nas escolas residenciais do Canadá e oramos pelas famílias e comunidades de luto dos canadenses indígenas."

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