Na primeira entrevista concedida à televisão, o Papa Bento XVI lembrou a figura do Papa João Paulo II como "porta-voz dos valores da humanidade", e compartilhou algumas intimidades dos últimos momentos da vida do Pontífice polonês.

A entrevista, transmitida no domingo, 16 de outubro, pela televisão polonesa, na data que comemora a eleição em 1978 de Karol Wojtyla como Sucessor de Pedro, foi realizada no dia0 20 de setembro em Castel Gandolfo pelo Pe. Andrei Majewski, jesuíta polonês.

"Principalmente vendo-o rezar compreendi que era um homem de Deus", disse o Papa Bento XVI ao recordar como "sem grandes palavras, tinha nascido uma amizade que provinha do coração".

Segundo o Papa, soube criar "uma nova sensibilidade para os valores morais e a importância da religião"; assim como "um clima de diálogo entre as grandes religiões e um sentido da responsabilidade comum que todos temos para o mundo e a humanidade"... sem esquecer "quão essencial foi sua contribuição nas grandes mudanças no mundo em 1989 e a queda do denominado socialismo real".

No que respeita à Igreja, Bento XVI recordou que João Paulo II "soube entusiasmar a juventude por Cristo, por sua Igreja e por valores difíceis, fazendo surgir algo novo, se pensarmos na juventude dos anos 68 e setenta".

Com muita emoção, o Papa Bento recordou os últimos encontros que manteve com seu predecessor, primeiro, no início de fevereiro no hospital ‘Gemelli’ de Roma e no dia antes de sua morte em seu quarto no apartamento pontifício.

"Foi muito comovente ver, por um lado, como seu sofrimento estava unido ao Senhor sofredor, como levava seu sofrimento com o Senhor e pelo Senhor; e, por outro lado, ver como resplandecia sua serenidade interior e sua completa lucidez".