O arquivo privado do Papa João Paulo I voltou a Roma graças ao trabalho da Fundação João Paulo I do Vaticano, que celebrou o seu primeiro ano de existência nesta quarta-feira, 28 de abril. Entre os documentos importantes, até agora inacessíveis, encontram-se o diário e o caderno do seu pontificado.

Em um comunicado de imprensa do Vaticano, informa-se que o arquivo do Papa João Paulo I foi transferido do patriarcado de Veneza para os escritórios do Vaticano, em 1° de dezembro, embora esta informação só tenha sido publicada agora.

O arquivo consiste em "documentos autografados, cadernos, diários, palestras, homilias, correspondências e materiais impressos e fotográficos que abrange um amplo período de 1929 a 1978".

As 64 pastas do arquivo estavam no Palácio Apostólico e foram transferidas para o arquivo histórico do patriarcado de Veneza em outubro de 1978, após a morte repentina do Pontífice.

Os documentos foram instalados na sede da fundação, localizada na Via della Conciliazione, e estão sendo inventariados e digitalizados, com a colaboração da Biblioteca Apostólica do Vaticano, para colocá-los à disposição dos estudiosos.

Segundo o comunicado de imprensa, o arquivo “constitui um patrimônio da fundação e tem uma fundamental importância para a realização do projeto”. O arquivo histórico do patriarcado de Veneza, por sua vez, conservará uma cópia de todos os documentos.

Da mesma forma, a fundação informou também que será restabelecida a biblioteca pessoal de João Paulo I, que será instalada na biblioteca diocesana do seminário patriarcal de Veneza.

Num artigo publicado no L'Osservatore Romano, o patriarca de Veneza, dom Francesco Moraglia, destacou a importância do arquivo, já que a figura de João Paulo I “continua a difundir a nostalgia da santidade, da humildade e da autenticidade verdadeira”.

O patriarca de Veneza desejou “que a fundação empreenda o trabalho de divulgação do seu patrimônio religioso e cultural para que a bela surpresa que Deus quis reservar para a sua Igreja e para o mundo possa ser conhecida ao colocar Albino Luciani (nome de batismo do Papa João Paulo I ) sobre a catedral de Pedro”.

Outras atividades

A Fundação João Paulo I do Vaticano é uma instituição criada pelo Papa Francisco em 17 de fevereiro de 2020, embora seu anúncio tenha sido feito no dia 28 de abril seguinte.

Tem por objetivo “proteger e preservar o patrimônio cultural e religioso deixado pelo Papa João Paulo I e promover a pesquisa, estudos, aprofundamento e divulgação da sua obra e pensamento a nível internacional, promovendo conferências, concedendo bolsas de estudo e cuidando das atividades editoriais. Tem trabalhado intensamente desde sua criação para consolidar sua estrutura e preparar atividades que contribuam para o conhecimento e a divulgação do legado teológico e cultural de Luciani”.

Os trabalhos da Fundação começaram em 22 de maio de 2020 por meio de uma primeira reunião de seu conselho de administração na Secretaria de Estado do Vaticano.

Nessa reunião, as tarefas foram definidas e foi criado o comitê científico. Além disso, foram identificadas as atividades e projetos que a fundação deveria realizar e o modo como fazê-los.

Ao longo de seu primeiro ano de existência, a fundação fez grandes avanços, apesar das dificuldades decorrentes da pandemia do coronavírus.

Além da transferência do arquivo de João Paulo I para a Santa Sé, além de sua classificação e digitalização, a Fundação Vaticana João Paulo I “assinou um acordo-quadro com o Dicastério do Vaticano para a Comunicação sobre os direitos editoriais para o uso de escritos, gravações sonoras e material fotográfico relacionado a João Paulo I”.

Também "solicitou a aquisição para fins não comerciais das fitas guardadas na filmoteca da RAI (Rádio Televisão Italiana)", sobre João Paulo I, uma vez que o Vaticano não possui material filmado de João Paulo I por não existir em 1978, o Centro de Televisão do Vaticano (CTV).

O próprio diretor da Rai Vaticano doou oficialmente em 22 de abril de 2021 uma cópia desse material ao presidente da fundação e ao secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

Da mesma forma, "foi acordado com a Biblioteca Editorial do Vaticano a criação de uma coleção ad hoc dedicada a João Paulo I".

A publicação da coleção já começou com a reedição de dois textos. Trata-se da Biografia ex documentis, de Stefania Falasca, Davide Fiocco e Mauro Velati, e a Cronaca di una morte, de Stefania Falasca.

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Do mesmo modo, está prevista a publicação de seus discursos completos, escritos e publicados, e de seu diário e caderno pessoal dos 34 dias de pontificado.

Por fim, a fundação anunciou a celebração, para a primavera de 2022, de um congresso sobre o magistério de João Paulo I, onde serão expostos os trabalhos do comitê científico.

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