O Patriarca da Babilônia dos Caldeus no Iraque, cardeal Louis Raphael Sako, anunciou que durante sua recente visita realizada de 5 a 8 de março, o Papa Francisco doou 350 mil dólares para os mais pobres do país.

“A doação pretende ser um sinal de quão real e concreto é o amor do Papa por todo o povo iraquiano”, informa o cardeal à agência vaticana Fides.

“Do total do valor doado, 250 mil dólares serão administrados por Bagdá, enquanto 50 mil foram enviados para a Arquidiocese caldeia de Mosul e outros 50 mil para a Arquidiocese sírio-católica, que inclui Qaraqosh”, indicou o Patriarca.

Com o dinheiro, ele continuou, "já distribuímos 12 mil cestas básicas em todo o país". Milhares delas também foram enviadas a Najaf, Basra, Kirkuk e Zakho, para serem entregues às famílias mais necessitadas, "famílias cristãs e muçulmanas e as pertencentes a todas as outras comunidades de fé presentes no Iraque”.

Numa carta enviada em seu nome e no de todos os bispos do Iraque, o cardeal agradece ao Papa Francisco pela doação e confidencia que gostaria de ter viajado a Roma “para agradecer sua histórica visita ao nosso país, mas a pandemia do coronavírus me impede de fazê-lo, também devido a complicações de viagem”.

“O senhor semeou a consciência da importância de aceitar e respeitar as diferenças, comportando-se como irmãos diferentes, chamados a amar-se e a ajudar-se a construir situações em que cada pessoa viva com dignidade, liberdade e igualdade de direitos e deveres”, afirma o cardeal na carta.

“Esperamos que esta linha de conduta, tal como indicado no seu discurso em Bagdá, inspire também as intenções das grandes potências mundiais”, continua.

O patriarca destaca que as orações do Papa “conosco e por nós, e a sua frase: 'O Iraque estará sempre comigo, no meu coração' deixaram um eco profundo que está indelevelmente gravado na nossa memória”.

“Para nós, seus filhos e filhas cristãos, a sua visita realizou um grande sonho e nos deu um forte apoio para ficar, comunicar-nos com os outros, esperar e construir confiança”.

Finalmente, o cardeal disse que “somos imensamente gratos por sua frase 'Vocês são uma Igreja viva e forte', que nos encorajou a ter esperança e a seguir em frente com entusiasmo”.

No Iraque, o Papa visitou as cidades de Bagdá, Ur, as cidades "mártires" de Qaraqosh e Mosul, marcadas pela violência do Estado Islâmico; e a capital da região autônoma do Curdistão iraquiano, Erbil.

Francisco foi o primeiro Papa a visitar o Iraque, realizando assim o sonho de São João Paulo II que não pôde viajar ao país por causa da guerra.

Segundo dados divulgados pela Sala de Imprensa do Vaticano, entre 2003 e 2015, 1.200 cristãos foram assassinados no Iraque, enquanto 62 igrejas foram danificadas ou destruídas por terroristas do Estado Islâmico.

A maioria dos mais de 38 milhões de habitantes é muçulmana. Os cristãos são uma minoria e os católicos, que fazem parte de vários ritos orientais, como o caldeu, são apenas algumas centenas de milhares.

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