O arcebispo de Colônia, Cardeal Rainer Maria Woelki, e seu vigário geral, Pe. Markus Hofmann anunciaram novas medidas para lutar contra os abusos sexuais, após um estudo de abuso apresentado na quinta-feira passada apontar mais de 300 casos ocorridos entre 1975 e 2018.

Na coletiva de imprensa na manhã de terça-feira, 23, o cardeal reiterou seu desejo de elucidação completa das denúncias: "Farei tudo o que puder para tornar a Igreja melhor", afirmou.

A reforma prosseguirá "lentamente", mas será "minuciosa", disse Dom Woelki. “Alguns padres se livraram no passado, e muitas vezes não testemunharam adequadamente. Isso vai acabar”, disse o cardeal.

O arcebispo de Colônia também criticou os que, deliberadamente, estão  interferindo em "questões políticas da igreja" no debate sobre o tratamento do abuso sexual. "Soluções simples" e a construção de "relacionamentos falsos" não ajudam a fazer justiça aos afetados, alertou o Arcebispo da maior diocese alemã.

Vários grupos e órgãos da igreja tentaram fazer exigências políticas sob o argumento de "prevenir futuros abusos", como o apelo à ordenação sacerdotal de mulheres, a abolição do celibato ou uma mudança radical na moralidade sexual católica.

Especialmente durante o "Caminho sinodal" definido como um "processo de reforma" da Igreja alemã, essas demandas foram frequentemente ecoadas, apesar das próprias vítimas de abuso criticarem a instrumentalização dos seus relatos.

Só na última quinta-feira, um membro do Conselho Consultivo de Pessoas Afetadas por abusos em Colônia fez sérias acusações contra a iniciativa leiga "Maria 2.0" e acusou os ativistas de usar o abuso sexual na mídia "como um veículo para suas demandas políticas dentro da Igreja Católica".

A postura do Cardeal Woelki é que Igreja tenha uma sólida estrutura para lidar e prevenir abusos. A arquidiocese quer estabelecer agora "estruturas concretas de governança e confiança".

O Cardea Woelki também anunciou reformas no treinamento de funcionários, especialmente no que diz respeito ao enfrentamento do abuso sexual e confirmou que um sistema de denúncias anônimas será implementado em breve.

"A perspectiva das pessoas em causa deve orientar a ação", salientou o arcebispo.

Por ora, o Cardeal que havia se mostrado disposto a entregar seu cargo ao Papa, caso fosse demonstrada sua culpabilidade, afirma que esta possibilidade se encontra descartada.

"Basta assumir a responsabilidade moral e seguir em frente (..) Eu aceitarei e assumirei a responsabilidade moral. Farei tudo o que puder aqui e agora e no futuro para garantir que tais erros não aconteçam novamente", sentenciou.

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