Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 17, o Papa Francisco fez um dramático apelo pelo fim da violência em Mianmar onde o governo tenta reprimir um golpe de estado, e disse que, assim como religiosos se ajoelharam de braços estendidos diante de policiais para conter a violência, também ele se ajoelha estende braços e pedindo que “pare a violência” e “prevaleça o diálogo”.

Segundo recordou o Vaticannews, “as Nações Unidas estimam em pelo menos 149 o número de mortos desde o início dos protestos, 57 apenas no último final de semana, o mais sangrento desde o golpe militar de 1º de fevereiro. Além do uso de munição letal contra os manifestantes, as forças de segurança continuam a efetuar prisões arbitrárias em todo o país, invadindo residências e prendendo opositores. Os detidos ilegalmente são centenas, senão milhares. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos humanos fala em “desaparecimentos forçados””.

“E em meio ao recrudescimento da violência das forças de segurança nos protestos, chamou a atenção o gesto da Irmã Ann Nu Thawng, que em uma rua na cidade de Myitkyina, se ajoelhou diante de uma barreira de policiais prontos a investir contra os manifestantes. A religiosa acabou se tornando um símbolo de mediação e da resistência pacífica às arbitrariedades e um modelo para lideranças da Igreja local, como bispos e sacerdotes, chamados “a sair de sua zona de conforto e tomar como exemplo a sua coragem”, como afirmou na ocasião Joseph Kung Za Hmung, editor do Gloria News Journal, o primeiro jornal católico on-line em Mianmar”, recorda a notícia do portal oficial do Vaticano.

A atitude da religiosa da Congregação de São Francisco Xavier, Instituto de direito diocesano em Myitkyina, voltou a se repetir no dia 8 de março, e também ecoou no coração de lideranças e de outros religiosos, entre os quais, o bispo emérito da Diocese, Dom Francis Daw Tang, que tentou impedir que policiais invadissem a Catedral de São Columbano, onde jovens manifestantes buscaram refúgio para escapar de espancamentos e da prisão. Apesar do apelo da religiosa e do bispo "para não prender e perseguir manifestantes pacíficos", os policiais abriram fogo e se recusaram a deixar o local.

Não foi a primeira vez que o Santo Padre pediu pela paz na região.

Vaticannews recordou que “o primeiro apelo do Papa pelo diálogo em Mianmar foi no Angelus de 7 de fevereiro, dias após o golpe militar de 1º de fevereiro” e que “na Audiência Geral de 3 de março, o Pontífice voltou a lançar um apelo pelo país asiático por ele visitado em novembro de 2017, para que o diálogo prevalecesse sobre a repressão e a discórdia”

Há apenas dois dias atrás, no 15 de março, o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, escreveu ao arcebispo de Yangon e Presidente da Conferência Episcopal de Mianmar, cardeal Charles Bo, uma carta da parte do Santo Padre “demonstrando uma vez mais a preocupação do Pontífice pelo desdobramento dos acontecimentos e seu amor pela nação asiática”, recorda ainda o portal de notícias vaticano.

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