Um grupo internacional de 100 mulheres médicas, religiosas consagradas e líderes pró-vida lançou um apelo a Cristãos e “todas as pessoas de boa vontade” para que parem de justificar moralmente o uso de vacinas que envolveram células provenientes de aborto. As signatárias do documento “A Voz das Mulheres em defesa dos Não-nascidos”, de 25 países das Américas, Europa, África e Ásia, consideram que “deixar de se posicionar contra essas vacinas está alimentando uma cultura de morte que envolve o tráfico e a exploração de bebês abortados para experiências médicas.”

Entre as signatárias está a médica polonesa de 100 anos Wanda Półtawska, amiga do Papa João Paulo II e sobrevivente de experimentos realizados pelo médico pessoal de Hitler no Campo de Concentração de Ravensbruck.

Abby Johnson, ativista contra o aborto que trabalhou para o Planned Parenthood e cujas memórias serviram de base para o filme Unplanned, também está entre as signatárias, assim como três ex-integrantes da Academia Pontifícia para a vida: a médica ilar Calva, do México, Mercedes Wilson de Arzu, da Guatemala, e Christine Marcellus Vollmer, da Venezuela.

O Papa Francisco disse em janeiro acreditar que “eticamente todos deviam tomar a vacina”. Em entrevista à TV o Papa analisou que “é uma escolha ética porque se está apostando com a saúde, com a vida, mas também se está apostando com a vida dos outros”.

A declaração do Papa foi feita já à luz da “Nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas anticovid-19”, documento emitido pela Congregação para a Doutrina da Fé em 21 de dezembro de 2020 e das “Considerações Morais Relativas às Novas Vacinas de Covid-19”, da Confederação dos Bispos dos Estados Unidos.

A Congregação para aa Doutrina da Fé diz em sua nota que “a razão fundamental para considerar moralmente lícito o uso destas vacinas é que o tipo de cooperação para o mal (cooperação material passiva) do aborto provocado do qual derivam as mesmas linhas celulares, por parte de quem utiliza as vacinas resultantes, é remota. O dever moral de evitar esta cooperação material passiva não é vinculativo, se houver perigo como a propagação, de outro modo incontornável de uma grave agente patogênico.”

Na mesma linha, o documento dos bispos americanos afirma que “dada a urgência desta crise, a ausência de vacinas alternativas disponíveis, e o fato de que a conexão entre um aborto ocorrido décadas atrás e tomar uma vacina produzida hoje é remota, a inoculação com as novas vacinas de Covid-19 pode ser moralmente justificável.”

O documento das mulheres, divulgado no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, cita tanto a declaração do Papa quanto os documentos da Congregação para a Doutrina da Fé e o dos bispos americanos, mas “sugere humildemente que tais declarações, incluindo algumas oficiais emitidas por bispos e até pelo Vaticano, estão baseadas numa avaliação incompleta da ciência da vacinação e da imunologia e suplica a tais proponentes que reavaliem suas declarações”.

As mulheres dizem em seu abaixo-assinado que “linhas de células fetais simplesmente não duram indefinidamente” e que, por isso, “o uso de tecido fetal abortado no desenvolvimento de intervenções médicas muito certamente alimenta a busca de novo material fetal abortado” e dá aos fabricantes de vacina “um forte incentivo para criar novas linhas que substituam as antigas.”

O documento afirma que “devido a uma notável ausência de protesto” contra o uso de linhas de células fetais em vacinas, “a pesquisa biomédica com crianças abortadas expandiu-se em décadas recentes até incluir coleta e tráfico de corpos de bebês nãos nascidos assassinados para uso em pesquisas que iriam normalmente ser consideradas antiéticas de serem feitas em seres humanos.”

Para as mulheres “a aquiescência geral a vacinas manchadas pelo aborto, particularmente por cristãos, só contribuiu para a cultura da morte”. Em seu documento, elas dizem que “não Podemos continuar sentadas enquanto o uso de fetos humanos abortados na pesquisa médica é gradualmente normalizado como uma ‘desafortunada’ parte da medicina moderna.”

As mulheres ainda alegam que a taxa de sobrevivência da infecção por SARS-SoV-2 é maior do que 98.3% e que “exortar, coagir ou forçar” as pessoas a tomar as vacinas é uma “violação direta” da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.”

“É tempo de o clero e o laicato ousadamente confrontar esse horror e defender o direito à vida dos mais vulneráveis com máxima determinação”.

Entre as signatárias estão as brasileiras Chris Tonietto, deputada federal (PSL-RJ), a advogada Anna Carolina Papa Tavares de Oliveira, e a enfermeira Chirlei Matos Santos.