O que era um exercício escolar se tornou um triste e cruel retrato da violência sofrida por cristãos perseguidos na Síria. O desenho de uma menina de 11 anos mostrou a tortura pela qual sua família passou quando terroristas ocupavam a cidade de Aleppo.

Imagem: Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre. 

O desenho foi apresentado pela representante da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) junto à União Europeia, Marcela Szymanski, ao participar, em 12 de fevereiro, da coletiva de apresentação da Mensagem do Papa para a Quaresma em Roma, através de uma videoconferência a partir de Bruxelas.

Segundo Szymanski, a professora havia pedido que a menina, identificada apenas pelas iniciais A.Z. fizesse um desenho para mostrar como tinha, de alguma forma, sobrevivido aos tempos de terror quando os jihadistas controlavam grande parte da cidade de Aleppo em 2016.

“A artista está aqui, esta é a mãe, a irmã e o irmão, já mortos no chão, e com sinais de tortura. [Ao lado estão] três terroristas Al-Nusra, vestidos de preto como é o seu costume. Há instrumentos de tortura, incluindo equipamento para choques eléctricos, armas, granadas, facas”, descreveu Marcela Szymanski.

Conforme ressaltou a Fundação ACN, trata-se de um testemunho real do martírio que se abateu sobre a comunidade cristã da Síria quando várias províncias estiveram sob controle de grupos jihadistas, nomeadamente a frente Al-Nusra.

Com este triste retrato feito pelas mãos de uma criança, Szymanski aproveitou a oportunidade da apresentação da mensagem do Papa Francisco para dar um exemplo concreto da perseguição aos cristãos que a Fundação Pontifícia reúne e sistematiza no Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo, do qual ela também é editora-chefe e que vai ser divulgado este ano excepcionalmente no dia 20 de abril devido à pandemia de Covid-19.

Apontando a câmera para o desenho, a representante de ACN disse: “Por favor, olhem bem”, acrescentando que “esta é uma família sob perseguição severa por causa da fé”.

Segundo descreveu, o desenho mostra que “os terroristas queriam levar todos os homens e rapazes” e “esperava-se que as mulheres renunciassem à sua fé e se tornassem muçulmanas”. “Só sobreviveram porque o exército chegou a tempo e os terroristas fugiram”, relatou.

Para Marcela Szymanski, esta família simboliza os cristãos perseguidos e a importância da força da fé. “Esta família foi generosa em partilhar conosco a sua experiência, porque acreditam firmemente que Deus estava com eles lá, do contrário... teriam morrido”.

Nesse sentido, sublinhou que “os perseguidos são a elite da Igreja e servi-los não é um dever, mas uma honra”.

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