ROMA, 7 de out de 2005 às 13:03
O vaticanista italiano Sandro Magister, do semanário L’Espresso, questiona nesta sexta-feira em um artigo crítico, a veracidade de um suposto "diário" de um Cardeal publicado pelo jornalista Lucio Brunelli na revista italiana de geopolítica "Limes"; e segundo a qual o Papa Bento XVI obteve uma votação majoritária logo depois de uma disputada corrida com outros cardeais.Brunelli revelou recentemente, em uma nota que deu a volta ao mundo, o suposto "diário de um prestigioso cardeal" com os resultados das quatro votações, filtradas, face à obrigação de segredo, "com intenção não escandalosa, mas rigorosamente histórica".
Magister, entretanto, submete o texto a exame e encontra importantes inconsistências. Entre elas, o fato que o suposto "prestigioso Cardeal" se refira ao Cardeal Camillo Ruini como "Ex-vigário Apostólico de Sua Santidade para a diocese de Roma".
O vaticanista não só lembra que o título correto em vez de "Vigário Apostólico", é o de "Vigário Geral"; mas também "é sobretudo clamorosamente equivocado o ‘ex’. Com a morte de uma Papa, seu vigário não perde seu cargo, e continua regendo a diocese de Roma".
Estes e outros enganos fazem Magister duvidar de que se trate de um texto "rigorosamente histórico" e que se trate mas bem de uma manobra "muito mais militante: mostrar que a vitória de Ratzinger não foi para nada ‘plebiscitária’, que foi discutida até o final, que esteve indevidamente favorecida por seu ser decano dos cardeais... e que a estes limites Bento XVI deveria resignar-se".
Em sua extensa análise, Magister especula sobre quem poderiam ser os autores desta versão do conclave; e a contrasta com ampla informação muito mais sólida –embora sempre incerta- que indica que, como a imprensa especulou em seu momento, a vitória do Cardeal Ratzinger foi não só terminante –como o evidenciou a brevidade do Conclave- mas também plebiscitária.
"Em relação aos jornais anônimos, a cautela deve ser máxima", diz Magister. "Especialmente quando são instrumento de intriga contra o atual Pontífice".
Leia o artigo de Magister na íntegra: www.chiesa.espressonline.it/index.jsp?eng=y