Na última sexta-feira, 29 de janeiro, a Assembleia da República em Portugal aprovou a lei da eutanásia e, conforme denunciou Padre Mário Rui Leal Pedras, com este ato, os deputados caíram na tentação, “no pecado de aprovar” uma “lei da morte”.

O sacerdote, que é pároco em Lisboa, fez esta declaração durante a homilia da Missa de domingo, 31 de janeiro.

Ao falar sobre as tentações do demônio, Pe. Mário Rui salientou que “é necessário permanentemente enfrentar sem medo o tentador” e, portanto, exortou a, neste combate, pedir sempre ao Senhor como na oração do Pai-nosso, que “não nos deixe cair em tentação” e que “nos livre sempre de todo mal”.

Entretanto, ao lançar o olhar sobre a votação no Parlamento português, o sacerdote lamentou que, “na tentação caíram os deputados da Assembleia da República, em outubro último, quando de forma autossuficiente não quiseram escutar e ignoraram a petição dos portugueses, chumbando o pedido do referendo da eutanásia”.

Além disso, indicou que “nesta passada sexta-feira, desprezando todos os pareceres recebidos das entidades e peritos consultados, que de forma unânime e clara foram contrários à legalização da eutanásia, a maioria dos deputados, de forma arrogante, aprovou o mal”.

Dessa forma, “caíram no pecado de aprovar uma lei pela qual se pode acabar com a vida, uma lei da morte, uma lei que integra o cortejo de uma cultura contrária à vida, o cortejo trágico de uma cultura da morte que continuará a crescer entre nós”.

O pároco de São Nicolau indicou que, no atual contexto da pandemia de Covid-19, os parlamentares “não poderiam ter escolhido pior momento para esta aprovação: quando o sistema de saúde está em colapso; quando tantos profissionais lutam para cuidar e salvar vidas de doentes, particularmente dos mais frágeis e dos mais idosos; quando aumenta o número de mortes diárias; quando filas intermináveis de ambulâncias se juntam nas portas dos hospitais; quando se fazem transferências de doentes para Madeira e, eventualmente, para algum país europeu; quando os próprios deputados que nos representam se colocam à frente dos velhos e dos doentes para receberem a vacina”.

“Diante de tantas dificuldades dos serviços e dos profissionais em cuidar da saúde e da vida dos portugueses, os deputados, em nome de um vazio moral, de um absoluto relativismo ético, aprovaram uma lei que determina que, a partir de agora, o serviço de saúde, destinado a salvar vidas, pode passar a exercer a função de matar”, expressou.

Por outro lado, o sacerdote ressaltou que “a vida humana é o primeiro dos direitos de todos nós e é sempre um bem indisponível. Não há pessoas que tenham mais dignidade do que outras pessoas, nem há vidas que sejam mais dignas de ser vividas do que outras vidas”.

Nesse sentido, “a vida humana é sempre um dom do qual vale a pena não apenas cuidar, mas também firmemente defender”, expressou.

Para o sacerdote, esta lei da eutanásia “está emoldurada por uma roupagem sedutora de restrições que apenas pretende esconder a porta que se entreabre, esta porta que tenderá a ficar escancarada para uma rampa progressivamente deslizante”.

Em seguida, salientou que “a eutanásia é sempre uma falsa solução para ao drama do sofrimento e é também uma solução indigna da pessoa humana”.

“A solução para o drama do sofrimento é e será sempre, a todo custo e porventura com enormes sacrifícios, defender a vida e testemunhar o amor junto a quem está doente para ajudar cada pessoa a enfrentar a dor e a agonia”, indicou.

Por isso, exortou os fiéis a pedir “a Deus que projete luz sobre aqueles que, nos órgãos institucionais, ainda podem por todos os meios legais evitar que esta lei seja promulgada: o Tribunal Constitucional e o senhor presidente da República”.

Diante da aprovação da lei da eutanásia, portugueses criaram uma petição on-line pedindo ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa que vete a mesma.  “Senhor Presidente da República vimos pedir-lhe encarecidamente que exerça o seu direito de veto para dignificar o valor inestimável da vida”, solicitam.

Para assinar a petição, acesse AQUI.

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