O jornal "Il Foglio", dedicado exclusivamente ao comentário de notícias e considerado como um dos mais informados da Itália, assinalou nesta terça-feira que alguns grupos de pressão estão procurando influir sobre as conclusões do Sínodo da Eucaristia que começou no último domingo no Vaticano.

Il Foglio assinala que o Papa Bento XVI escolheu pessoalmente "conhecidos por suas posições mais tradicionais, como o alemão Joachim Meisner, o australiano George Pell e o Canadense Marc Ouellet".

Segundo o jornal romano, "o Bispo Donald Trautman –que preside a Comissão de Liturgia do Episcopado norte-americano– atacou duramente o Instrumentum laboris, considerando-o indigno e criticando sua posição conservadora".

O jornal italiano assinala que por sua vez, o semanário católico inglês "The Tablet", atacou "a decisão do Papa de convidar o Cardeal Jorge Arturo Medina Estévez, o ex-prefeito da Congregação para o culto, que é visto como a fumaça nos olhos pelo progressismo católico anglo-saxão, e tratou de jogar lama contra o Pe. Nicola Bux, autor material do Instrumentum laboris".

Segundo o jornal italiano, o ataque publicado pelo The Tablet" foi coordenadamente retomado "pela agência progressista (italiana) Adista" e se apóia em acusações nunca provadas de que o Pe. Bux teria cometido plágio no passado.

Apesar do ataque, afirma o jornal, Bux teve o privilégio de ver seu livro "O Senhor dos Mistérios. Eucaristia e relativismo" apresentado no Vaticano na sexta-feira passada.

De parte de alguns bispos, sempre segundo o jornal italiano, "o olhar do Sínodo buscará estar centrado sobre os abusos realizados nas celebrações litúrgicas"; mas "não há dúvida de que da parte progressista tentarão abrir alguma brecha na assim chamada pastoral dos divorciados que voltaram a se casar, para tratar de admiti-los de algum modo a receber a comunhão".

"Uma pressão neste sentido parece vir especialmente da França. Não é casualidade que a questão tenha sido mencionada por dois bispos transalpinos que participam dos trabalhos sinodais: o beneditino Robert Le Gall de Mende, e Roland Minnerath do Digione", acrescenta o jornal Il Foglio.

"Será interessante acompanhar como se desenredará o debate sobre o tema especialmente pelas tardes, quando pela primeira vez na história dos sínodos se reservou este tempo para o ataque e a réplica entre os padres sinodais", conclui o jornal italiano.