A Justiça vaticana decidiu revogar as medidas cautelares contra Cecilia Marogna, acusada de peculato após, supostamente, ter recebido irregularmente mais de 500 mil euros da Secretaria de Estado do Vaticano.

Trata-se de uma investigação ligada ao escândalo financeiro que afeta o Cardeal Angelo Becciu durante o período em que atuou como substituto da Secretaria de Estado entre 2011 e 2018.

O Purpurado, que apresentou sua renúncia como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e a seus direitos cardinalícios em 24 de setembro, depois que esta e outras acusações foram divulgadas pela imprensa, é acusado de usar Marogna para construir redes de inteligência "fora dos livros".

Segundo um comunicado divulgado nesta segunda-feira, 18 de janeiro, “em 13 de janeiro de 2021, o juiz instrutor do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, acatando o pedido do Gabinete do Promotor de Justiça, revogou a medida cautelar ordenada em seu dia com respeito à Sra. Cecilia Marogna, contra quem está prestes a ser realizado um julgamento por suposto peculato cometido em associação com terceiros”.

No comunicado explica-se que “a iniciativa pretende, entre outras coisas, permitir que a acusada - que já negou a se defender desertando do interrogatório perante as autoridades judiciais italianas, solicitado por via rogatória pelo Promotor de Justiça - participe no processo no Vaticano, livre da medida cautelar pendente contra ela”.

Cecilia Marogna, de 39 anos e de nacionalidade italiana, é acusada de usar verbas do Vaticano, inicialmente destinadas a fins humanitários, para despesas pessoais, como reservas em hotéis de luxo e artigos de moda caros.

Marogna argumentou perante a imprensa que os objetos de luxo adquiridos com o dinheiro da Secretaria de Estado "serviam para criar relações de cooperação", e que isso implicava na construção de "redes de alto nível", e que trabalhava para a Secretaria de Estado como consultora de segurança e estrategista. Reconheceu ter recebido centenas de milhares de euros do Vaticano, indicando que todo o dinheiro foi recebido por seu trabalho de consultoria e seu salário.

Marogna foi presa em Milão em 14 de outubro e solta em 30 de outubro. O Vaticano havia solicitado sua extradição. O Cardeal Becciu também está envolvido em uma série de escândalos financeiros, como o investimento de centenas de milhões de euros da Secretaria de Estado com o empresário italiano Rafaelle Mincione e a polêmica compra de um imóvel em Londres.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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