Ao concluir a oração do Ângelus deste domingo, 10 de janeiro, o Papa Francisco rezou pelos Estados Unidos, confiou à Virgem Imaculada todas as pessoas que vivem naquela terra e destacou que "nada se ganha com a violência".

“Dirijo uma saudação afetuosa ao povo dos Estados Unidos da América abalado pelo recente cerco ao Congresso. Rezo por aqueles que perderam a vida, cinco, naqueles momentos dramáticos. Reitero que a violência é sempre autodestrutiva. Nada se ganha com a violência e tanto se perde”, disse o Santo Padre.

Nesse sentido, o Papa exortou “as autoridades do Estado e toda a população a manter um alto sentido de responsabilidade, a fim de acalmar os ânimos, promover a reconciliação nacional e tutelar os valores democráticos arraigados na sociedade estadunidense”.

“Que a Virgem Imaculada, Padroeira dos Estados Unidos, ajude a manter viva a cultura do encontro, a cultura do cuidado, como principal via para construir juntos o bem comum; e o faça com todos os que vivem naquela terra”, rezou o Santo Padre.

O evento ao qual o Papa Francisco se referiu ocorreu em 6 de janeiro, quando manifestantes pró-Donald Trump invadiram o edifício do Capitólio enquanto o Congresso debatia a certificação dos resultados das eleições presidenciais, levando à evacuação de legisladores e morte de vários manifestantes.

Segundo informou a CNA (agência em inglês do Grupo ACI), os protestos que buscavam anular os resultados das eleições presidenciais seguiram a várias afirmações de que os resultados em alguns estados eram fraudulentos. Alguns manifestantes pareciam pensar que ainda havia um caminho para o presidente Donald Trump conquistar a presidência, apesar da vitória do presidente eleito Joe Biden no colégio eleitoral.

Mais de 150 legisladores republicanos tentaram questionar a legitimidade dos resultados eleitorais em alguns estados, mas o vice-presidente Mike Pence, que pode votar pelo desempate no Senado dos Estados Unidos, rejeitou qualquer sugestão de que aja para bloquear a certificação da eleição.

Horas antes, ocorreu uma manifestação em frente à Casa Branca, na qual Trump encorajou seus seguidores a marcharem até o Capitólio. Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia, enquanto outros intimidaram os guardas do Capitólio para que se retirassem sem um contato significativo.

Alguns usavam chapéus com o slogan "Make America Great" (Fazer a América Grande, tradução livre ao português) ou outras insígnias associadas à campanha Trump. Muitos carregavam bandeiras norte-americanas ou de Donald Trump e alguns carregavam bandeiras da Confederação.

Além disso, vários manifestantes atacaram os meios de comunicação, enquanto dezenas de outros avançaram em direção ao Capitólio desafiando a polícia, quebrando janelas e forçando portas.

Os legisladores buscaram refúgio, alguns em seus escritórios, e colocaram máscaras de gás, informou a Associated Press. Os manifestantes ocuparam o gabinete da presidente do Congresso, Nancy Pelosi, e outros gabinetes.

Os críticos do presidente, incluindo alguns republicanos, o culparam por incitar os manifestantes.

O vice-presidente Pence convocou a Guarda Nacional para apoiar as forças de ordem na capital. Depois que o Capitólio ficou seguro, Pelosi chamou os legisladores para certificar os resultados das eleições.

Bispos dos Estados Unidos condenaram a violência

Por sua vez, muitos bispos nos Estados Unidos condenaram o que aconteceu. O presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) e Arcebispo de Los Angeles, Dom José Gómez, condenou veementemente a violência no Capitólio e rezou por aqueles que trabalham para restaurar a segurança pública.

“Eu me uno às pessoas de boa vontade para condenar a violência hoje no Capitólio dos Estados Unidos. Isso não é o que somos como norte-americanos. Rezo pelos membros da equipe do Congresso e do Capitólio, pela polícia e por todos aqueles que trabalham para restaurar a ordem e a segurança pública”, expressou.

Além disso, Dom Gómez lembrou que “a transição pacífica do poder é uma das marcas desta grande nação” e pediu que “neste momento preocupante, devemos nos comprometer novamente com os valores e princípios de nossa democracia e nos unir como uma nação sob Deus".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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