O Secretário-Geral de Cáritas Lurín (Peru), Pe. Omar Sánchez Portillo, contou como 240 dos 262 moradores da casa que dirige, a maioria deles frágeis e vulneráveis, salvaram-se após serem infectados pelo coronavírus COVID-19.

Padre Omar é diretor da Casa Abrigo da Associação das Bem-aventuranças, localizada em Lima (Peru). Este local acolhe bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos que tenham sido declarados abandonados ou em processo de investigação tutelar, portadores de doenças físicas, psiquiátricas e/ou necessidades educacionais especiais.

Em entrevista à revista Somos, do jornal El Comercio, o sacerdote revelou que "240" pessoas estavam infectadas, mas que todas ficaram "absolutamente assintomáticas".

“O caso zero foi um idoso que recebemos. Ele infectou a enfermeira, que tem contato direto com 80% da casa. Mas, que 100% dos infectados tenham sido assintomáticos é um milagre”, disse Pe. Omar.

Recordou que no abrigo existem "pessoas muito frágeis e vulneráveis", e muitas delas "usam oxigênio por outros motivos", como diabetes. No entanto, garantiu que "nada" aconteceu com eles e "todos passaram pela covid-19 sem um grande quadro de gravidade, graças a Deus".

Disse que ele e outras 17 pessoas não foram infectados com a doença. “E curiosamente, somos nós que mais temos contato com as pessoas de fora. Nós que organizamos a distribuição de refeições e cestas básicas por toda Lima”, disse.

“Se eu for infectado, eu morro. Tenho diabetes, problema de coração e obesidade, por isso ganhei na loteria com o tema. Existe confiança em Deus e nós também nos cuidamos. Peço-lhe ajuda e ele o faz dando-me a inteligência para ser cauteloso", contou o sacerdote ao jornal El Comercio.

Pe. Omar é conhecido por ter distribuído centenas de milhares de cestas básicas aos mais necessitados devido à pandemia da COVID-19 no sul de Lima e em vários outros distritos.

Segundo informou a revista, sua campanha beneficente conseguiu arrecadar "mais de 257 mil cestas básicas". No entanto, revelou também que iniciou um novo projeto “que visa contribuir para a resolução dos problemas de sempre: desnutrição, má-nutrição, tuberculose [tuberculose]”.

“Já não queremos mais dar apenas cestas, mas organizá-los para que eles possam se sustentar sozinhos”, disse, e explicou que estão ensinando as pessoas “a classificar o lixo, a fazer hortas orgânicas, a usar painéis solares” para que se tornem “protagonistas da solução do seu problema”.

Entre outras atividades lideradas pelo Pe. Omar, a Diocese de Lurín também doou dezenas de cilindros de oxigênios para pacientes da COVID-19, organizou oficinas para mulheres serem empreendedoras e fornecem um projeto de medicina gratuita.

“Além disso, alugamos 77 espaços para famílias que foram despejadas por não poderem pagar o aluguel de suas casas por estarem sem trabalho”, acrescentou.

Ele informou ainda que a instalação de uma estação de oxigênio dentro de casa já está pronta para atender aos mais afetados pela pandemia.

Sobre o dinheiro necessário para custear as despesas das atividades sociais, disse que é preciso arrecadar 55 mil dólares por mês.

“Mantemos a casa e três creches. Desse montante, 57% é coberto por pessoas ou empresas que doam mensalmente em dinheiro ou com produtos. Há um grupo brasileiro que não deixa faltar frango; tem outra pessoa que doa arroz e óleo; outra que nos paga a conta de luz; outra água. Os 43% restantes são providência. É o que vem todos os dias nas doações”, afirmou.

Em outro momento, comentou que esse trabalho “não para de crescer”. “No ano passado éramos 180; agora 262”, acrescentou.

“É verdade, eu recebo ajuda, mas isso me permite atender mais pessoas. Agora vamos fazer workshops para empoderar as mulheres da Villa. Queremos fazer uma sorveteria, que Häagen-Dazs se prepare... confecções e sapatarias. A chave para ajudar está nos empreendimentos sociais”, indicou.

No final da entrevista, o Pe. Omar disse que se sente "comovido pelos gestos de solidariedade do povo e das instituições".

“Não tive tempo de me sentir deprimido, isolado. Eu vejo maravilhas todos os dias. Há um salmo que sempre repito: ‘O Senhor fez por nós grandes coisas; ficamos exultantes de alegria!’”, concluiu.

Para fazer uma doação à Casa Abrigo da Associação das Bem-aventuranças, ingresse AQUI.

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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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