As acusações de encobrimento de abusos clericais apresentadas em 9 de novembro por um canal de televisão contra o Arcebispo Emérito de Cracóvia (Polônia), Cardeal Stanislaw Dziwisz, deveriam ser esclarecidas pelo Vaticano, disse o presidente do episcopado polonês.

Dom Stanisław Gądecki fez o comentário em um comunicado em 10 de novembro, em resposta a uma reportagem do canal TVN24 intitulada “Dom Stanislaw. O outro rosto do Cardeal Dziwisz”, divulgada na véspera da publicação do relatório do Vaticano sobre o ex-cardeal Theodore McCarrick, culpado de ter cometido abusos sexuais.

O programa de 82 minutos, apresentado pelo jornalista Marcin Gutowski, acusou o ex-secretário pessoal de São João Paulo II de não ter investigado as acusações de abuso clerical.

Dom Gądecki disse, “referindo-se à reportagem da TVN24 de ontem que “acusa o Cardeal Stanislaw Dziwisz de negligenciar a investigação de casos de abusos sexuais cometidos pelo clero”, que espera que “quaisquer dúvidas levantadas sejam esclarecidas pela comissão competente da Santa Sé".

“Ao mesmo tempo, gostaria de destacar que a Igreja na Polônia está agradecida ao cardeal pelos muitos anos de serviço ao lado de São João Paulo II”.

O cardeal de 81 anos serviu como assistente de João Paulo II até a morte do Papa polonês em 2005. Depois foi nomeado Arcebispo de Cracóvia e se aposentou em 2016.

Em 10 de novembro, centenas de pessoas protestaram em Cracóvia contra o Cardeal Stanisław Dziwisz fora da Cúria para exigir respostas, segundo informou um meio local.

Por sua vez, o Cardeal Dziwisz expressou em um comunicado de 9 de novembro seu desejo de que as acusações sejam esclarecidas de maneira transparente.

“Não se trata de encobrir ou ocultar uma possível negligência, mas de apresentar os fatos com honestidade. O bem-estar das vítimas é de extrema importância. As crianças e os jovens nunca mais poderão sofrer na Igreja os males que ocorreram no passado”, disse.

“Estou disposto a cooperar totalmente com uma comissão independente que irá esclarecer esses problemas”, acrescentou.

Em 2019, os bispos poloneses publicaram um relatório que concluía que 382 clérigos abusaram sexualmente de um total de 624 vítimas entre 1990 e 2018.

Em junho deste ano, a Arquidiocese de Poznań anunciou que a Congregação para os Bispos do Vaticano havia autorizado uma investigação preliminar das acusações contra o Bispo Edward Janiak de Kalisz.

O Papa Francisco aceitou a renúncia de Dom Janiak no mês passado.

Em 9 de outubro, a Arquidiocese de Cracóvia anunciou uma investigação sobre outro bispo polonês. A arquidiocese disse que o Papa autorizou o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, a realizar uma investigação sobre as denúncias de negligência contra o bispo Tadeusz Rakoczy, em relação aos casos de abuso envolvendo dois sacerdotes na diocese de Bielsko-Żywiec.

Rakoczy, de 82 anos, foi Bispo de Bielsko - Żywiec de 1992 até sua aposentadoria em 2013.

Na sexta-feira passada, a Nunciatura Apostólica na Polônia anunciou medidas disciplinares contra um cardeal de 97 anos.

Um comunicado de 6 de novembro, publicado no site da Nunciatura Apostólica, disse que o Cardeal Henryk Gulbinowicz estaria sujeito a restrições rigorosas como resultado de uma investigação.

Os meios poloneses informaram na terça-feira que o Cardeal Gulbinowicz foi internado em um hospital em estado grave após a imposição das medidas.

Publicado originalmente em CNA.

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