Diversas autoridades da Igreja na Argentina sairam de encontro às críticas que o Presidente Néstor Kirchner lançou em geral contra os bispos e em particular contra o Arcebispo de La Plata, Dom Héctor Aguer, que no  sábado passado denunciou a grave situação social do país.

O bispo de Humahuaca (Salta), Dom Pedro Olmedo, disse hoje que o presidente Néstor Kirchner tem mais preocupação por desclassificar os que manifestam opiniões contrárias que por escutar a mensagem. “A atitude de Kirchner  é própria de seu estilo porque  desclassifica a pessoas mas não escuta a mensagem”, disse o Prelado.

“O tema da pobreza nos dói. O protesto social está muito politizado. Há que buscar forma de que haja intercessores e que não se filtrem os recursos”, acrescentou o Bispo.

Nesta quarta-feira, o Ministro do Interior, Aníbal Fernández, juntou-se às críticas do Presidente al qualificar de “pouco felizes” as expressões dos arcebispos Aguer, e Eduardo Mirás, de Rosário.

O funcionário justificou o embate de Kirchner contra setores da Igreja Católica e questionou Dom Aguer por manifestar que a situação social “se encrespou excessivamente e nós notamos que o conflito está fora das rédeas ”.

Por sua vez, Dom Mirás havia advertido, em relação aos piqueteiros, que “se deixar que cada um faça o que quiser, vamos estar como na Colômbia ou com foi em alguns momentos na  Venezuela, ou como outros países que chegaram a uma situação pior”.

Por sua vez Dom Oswaldo Musto, um dos mais informados  Prelados em Doutrina Social da Igreja, criticou Kirchner por questionar membros da instituição dizendo que   “quando há disenso, não é para se assustar”. 

“O Arcebispo (Aguer) não precisa da televisão para saber que há pobres”, acrescentou. “A situação do país melhorou, mas no aumento do PBI não se reflete a melhora para os pobres. Há sempre uma jactância de que financeiramente entre mais dienheiro e que há mais postos, mas tampouco se reflete na diminuição dos piqueteiros, com trabalho genuíno”.

Além disso, Dom Musto indicou que “o que  Dom Aguer fez foi fazer eco do que dizem os cidadãos”, que estão “preocupados porque não podem cruzar as rotas, pela falta de segurança e a toma das delegacias”, diante do qual o Governo, segundo Musto, não teve a reação esperada.

“Houve algo que atenta contra o que Perón dizia de 'primeiro a pátria, depois o movimento e depois os homens'. Isto não passa aquí com o justicialismo, esses não são os problemas importantes do país”.

Musto concluiu indicando que  “quando há  disenso na democracia, não há que assustar-se. Se a autoridade não se convence disso, não sabe governar para a democracia”.