O Ministério das Relações Exteriores do Governo do México (SER, na sigla em espanhol) informou que está investigando as denúncias de esterilizações forçadas de migrantes em um centro de detenção de imigrantes em Irwin, Estado da Geórgia (Estados Unidos), e observou que funcionários consulares já visitaram as instalações assinaladas.

Em um comunicado publicado em 28 de setembro, o SRE indicou que “o pessoal do Consulado Geral do México, em Atlanta, está em constante comunicação com os cidadãos mexicanos. Até o dia 14 de setembro, data em que foi inicialmente registrada a denúncia por erros médicos e procedimentos cirúrgicos desnecessários, vinte e um cidadãos mexicanos passaram por este centro de imigração.

“Os funcionários do consulado entraram em comunicação, presencial ou remotamente, com dezoito deles. Até hoje, quinze mulheres mexicanas permanecem no centro”, assinalou.

O centro de detenção migratório de Irwin, controlado pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE), está no centro da controvérsia depois que a enfermeira Dawn Wooten denunciou em meados de setembro que lá dentro realizavam histerectomias (remoções do útero) sem o consentimento das mulheres migrantes.

Tony Pham, diretor interino do ICE, publicou um comunicado em 18 de setembro assinalando que "as recentes denúncias feitas pela empregada contratada independente levantam algumas preocupações muito sérias que merecem ser investigadas rápida e completamente".

“As pessoas que tenham violado as nossas políticas e procedimentos devem ser responsabilizadas. Se houver alguma verdade nesses relatórios, é meu compromisso fazer as correções necessárias para garantir que continuemos priorizando a saúde, o bem-estar e a segurança dos detidos do ICE”, disse Pham.

ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, contatou reiteradamente a Conferência do Episcopado Mexicano (CEM) para saber se se pronunciaria sobre as denúncias de esterilizações forçadas e maus-tratos a migrantes, mas até o fechamento desta edição não houve resposta oficial.

O Ministério das Relações Exteriores informou que “o cônsul-geral, Javier Díaz de León, acompanhado por funcionários consulares, visitou o centro de detenção em 23 de setembro, a fim de se encontrar pessoalmente com cidadãos mexicanos. Nenhuma das entrevistadas afirmou ter sido submetida a histerectomia, sem negar a possibilidade de terem sido vítimas de más práticas por motivos diversos”.

“Da mesma forma, cinco delas, e mais duas que estão no México, indicaram ter tido interação com o médico vinculado a estes processos cirúrgicos”, disse.

“Ressalta-se que uma cidadã mexicana localizada após seu retorno ao México foi submetida a um procedimento cirúrgico em Irwin, Geórgia. Já em nosso país, seu médico confirmou que não foi realizada histerectomia”, acrescentou.

O SRE sublinhou que “uma conterrânea que permanece em Irwin, e que foi entrevistada durante a visita de 23 de setembro, foi submetida a uma cirurgia ginecológica. Em colaboração com a Escola de Medicina da Universidade de Emory, seu prontuário médico foi revisado e determinou-se que não foi realizada histerectomia. No entanto, o prontuário fornecido pelo ICE não inclui documentação que sustente o consentimento da mulher para a realização da intervenção cirúrgica”.

“Todos os casos de intervenção cirúrgica, assim como as denúncias recebidas de cidadãos mexicanos, estão sob cuidadoso estudo para determinar se tais procedimentos médicos foram realizados de maneira adequada e com total consentimento dos cidadãos mexicanos”, afirmou.

O Ministério das Relações Exteriores informou ainda que enviou "uma nota diplomática ao Governo dos Estados Unidos para esclarecer a situação, solicitando informações sobre as medidas de atendimento médico que os cidadãos mexicanos recebem neste centro de detenção".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

Confira também: