O Secretário Geral da Conferência Episcopal Mexicana (CEM) e Bispo de Texcoco, Dom. Carlos Aguiar, desmentiu em um comunicado oficial que a Igreja Católica no país aceite doações de dinheiro ilícito.

Logo depois da confusão por umas supostas declarações do Bispo de Aguascalientes, Dom. Ramón Godínez, sobre a suposta aceitação de esmolas dos narcotraficantes, o comunicado afirma que "a Igreja Católica rechaça sistematicamente qualquer conduta publica contrária à ética. Este rechaço é especialmente vigoroso quando se trata de um crime tão sério como o narcotráfico, que causa gravíssimos danos a tantas famílias e a toda o tecido social e econômico de nosso país e de todo o mundo".

Dom. Aguiar recordou que "a Igreja Católica é além disso uma das instituições que mais faz para a recuperação dos drogados, e para criar as condições de justiça social para que a droga não arraigue na juventude. Por isso, qualquer colaboração da Igreja com o ‘negócio das drogas’ não só carece completamente de fundamento, mas também contradiz seu enorme trabalho de assistência social".

Sobre os donativos à Igreja, o Bispo precisou que não é preciso identificar-se para deixar pequenas esmolas nos templos, mas "quando se trata de quantidades grandes, a Igreja segue como norma prática exigir que o doador se identifique; e quando tem conhecimento de que esse dinheiro tem origem ilícita, recusa-o para evitar qualquer cumplicidade com o crime".

Do mesmo modo, reiterou que recusa este tipo de dinheiro proveniente da droga, impedindo aos que são publicamente conhecidos como narcotraficantes de ser padrinhos de batismo ou matrimônio, e também de exercerem qualquer cargo ou responsabilidade dentro da Igreja".

"A Igreja tem tradicionalmente recomendado seguir o exemplo evangélico do Zaqueu que tendo-se enriquecido ilegitimamente chegou, ao encontrar-se com Jesus Cristo, a tomar consciência de seu pecado e distribuiu a maior parte de sua riqueza entre os pobres, assim deveriam agir muitos de nossos delinqüentes", finalizou.

A polêmica

Por sua vez, Dom. Godínez assegurou que a imprensa interpretou mal suas palavras. "Me atribuiu que disse que na Igreja pode-se 'lavar' o dinheiro mal ganhado ou que a Igreja recebe o dinheiro dos narcotraficantes. Estas declarações não são exatas e nem nunca as disse", declarou na terça-feira em um comunicado de imprensa.

Do mesmo modo, o Arcebispo do México, Cardeal Norberto Rivera Carrera, descartou que algum sacerdote receba dinheiro ilícito. "Nem se purificam (as esmolas), nem podemos recebê-las sabendo que vêm do mundo do narcotráfico ou do mundo dos ilícitos", assinalou de Roma.

"Se um sacerdote souber que (a esmola) tem uma procedência ilegítima, ilegal, se for dinheiro sujo não pode receber, por nenhum motivo; nem pela melhor causa que exista no mundo, pois pode se tornar cúmplice desses crimes de onde vem esse dinheiro", advertiu.