A sala de imprensa da Santa Sé reiterou, em 21 de julho, que o Vaticano não interveio nem se pronunciou sobre a exumação de Francisco Franco, realizada em 24 de outubro de 2019, após o decreto do atual presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez.

O comunicado oficial vaticano esclareceu essa questão depois das declarações do Presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, em sua entrevista publicada em 8 de julho no jornal Corriere della Sera, na qual Sánchez afirmou que, nesse caso, o Papa Francisco “o ajudou", já que a comunidade de beneditinos que cuida do Vale dos Caídos era contra a exumação, por isso “pediu a intervenção do Vaticano e tudo foi resolvido".

“Especifica-se que a Santa Sé, sobre o assunto da exumação de Francisco Franco, reiterou em várias ocasiões o seu respeito à legalidade e às decisões das autoridades governamentais e judiciais competentes, exortou o diálogo entre a família e o Governo e nunca se pronunciou sobre a oportunidade da exumação nem sobre o local da sepultura, porque não é da sua competência”, indicou a sala de imprensa da Santa Sé.

Francisco Franco foi chefe do Estado da Espanha de 1939 até sua morte em 1975. Ele chegou ao poder quando os nacionalistas derrotaram os republicanos no final da Guerra Civil Espanhola.

Seus restos mortais foram enterrados no Vale dos Caídos, um complexo monumental perto de Madri que inclui uma abadia beneditina e cuja construção foi ordenada por Franco para honrar os falecidos dos dois lados durante a guerra civil.

O governo de Pedro Sánchez decretou a exumação dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos por uma suposta aplicação da Lei de Memória Histórica, pela qual se pretende a retirada de monumentos, símbolos ou nomes de lugares públicos relacionados com a Guerra Civil e com a posterior ditadura de Franco.

A exumação dos restos mortais de Francisco Franco ocorreu em 24 de outubro de 2019, o caixão foi transferido para o cemitério de Mingorrubio de helicóptero em Madri, onde foi celebrada uma Missa em memória da figura de Franco.

Por sua vez, alguns dias antes da realização da exumação, o prior da abadia do Vale dos Caídos, Pe. Santiago Cantera, enviou uma mensagem ao Papa Francisco, ao abade de Solesmes, à Conferência Episcopal Espanhola e ao Arcebispo de Madri, Cardeal Carlos Osoro. Na mensagem, o religioso denunciou "a inviolabilidade" da Abadia de Santa Cruz do Vale dos Caídos, como local sagrado.

"Queremos registrar que a atuação das Forças de Segurança e dos agentes foi e é totalmente incompatível com o princípio da inviolabilidade dos locais de culto e com os direitos dessa comunidade beneditina; o que expusemos, também, no conhecimento da hierarquia eclesiástica”, advertiu nesse então o prior da abadia beneditina do Vale dos Caídos.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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