Em 7 de julho, os bispos dos Estados Unidos se uniram a mil líderes de outras religiões representativas no país para assinar uma declaração contra as execuções federais que o governo planejou retomar este mês.

No comunicado, os bispos e líderes religiosos assinaram o pedido de fim das execuções de quatro presos condenados à morte que seriam executados em julho.

"Como líderes religiosos de uma ampla variedade de tradições, pedimos ao presidente Trump e ao procurador-geral [William] Barr que detenham as execuções federais programadas", assinalaram no comunicado.

"À medida que nosso país lida com a pandemia da COVID-19, com a crise econômica e com o racismo sistêmico no sistema jurídico criminal, devemos nos concentrar na proteção e preservação da vida, e não em realizar execuções", acrescentaram.

Os bispos que assinaram o comunicado são: o Arcebispo de Louisville, Dom Joseph Kurtz; o Bispo de Owensboro (Kentucky), Dom William Medley; o Bispo de Salt Lake City, Dom Oscar Solis; o Bispo de Davenport (Iowa), Dom Thomas Zinkula; e o Administrador Apostólico de Joliet (Illinois), Dom Richard Pates.

Além dos sacerdotes católicos, também assinaram diáconos, leigos e líderes pertencentes a denominações cristãs do judaísmo reformista, congregações judaicas conservadoras e budistas, entre outros.

Dom Pates escreveu uma carta adicional na qual afirma que "a Igreja acredita que o castigo justo e necessário nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação".

No verão passado, o procurador-geral William Barr deu instruções ao Gabinete de Prisões (BOP) para retomar a execução de prisioneiros federais no corredor da morte, pela primeira vez desde 2003.

Os presos programados para serem executados neste mês são Daniel Lewis Lee, Lezmond Mitchell, Wesley Ira Purkey, Dustin Lee Honken e Alfred Bourgeois, condenados pelo assassinato de crianças e adultos e, em alguns casos, por tortura.

Quatro dos presos, Lee, Purkey, Honken e Bourgeois, entraram com uma ação contra o protocolo de execução e, em novembro do ano passado, um juiz federal concedeu-lhes uma ordem judicial para que pudessem apelar ao Supremo Tribunal.

O Gabinete de Prisões não realizava execuções desde 2003, depois que o governo Obama decidiu revisar o antigo protocolo de execução com três fármacos de injeção letal. Apesar de Barr propor um método de execução com pentobarbital, os presos conseguiram apelar contra o novo protocolo.

O Tribunal de Circuito de Washington D.C. decidiu contra os presos e anulou a liminar em abril de 2020 e, em 29 de junho, o Supremo Tribunal se recusou a escutar a sua apelação, permitindo que as execuções continuassem.

A primeira das quatro execuções estava prevista para 13 de julho e a última para 28 de agosto. Estão programadas para ocorrer na Prisão Federal de Terre Haute, Indiana, dentro da Arquidiocese de Indianapolis.

O Arcebispo de Indianápolis, Dom Charles C. Thompson, se opôs às execuções em 18 de junho, destacando sua jurisdição sobre a localização da prisão e afirmando que "a lei suprema da Igreja, a salvação das almas, exige que eu fale sobre esse assunto muito grave”

"Desde o pontificado do Papa São João Paulo II, a posição católica tem sido de que o sistema penitenciário de hoje é bastante adequado para proteger a sociedade dos prisioneiros que escapam ou são libertados ilegalmente", assinalou o Prelado.

Para Dom Thompson, embora os crimes dos prisioneiros não possam ser ignorados, "a humanidade não pode permitir que o ato violento de um indivíduo faça com que outros membros da humanidade reajam com violência".

"A Igreja está preocupada com a alma de todas as pessoas, incluindo as que estão no corredor da morte, por isso, faço esta súplica contra a pena de morte como preocupação última pela alma eterna da humanidade”, disse.

O presidente do Comitê de Justiça Nacional dos Bispos dos Estados Unidos e também Arcebispo de Oklahoma City, Dom Paul Coakley, pediu ao governo dos Estados Unidos que interrompa as execuções.

Além disso, o Prelado destacou que o Papa São João Paulo II, o Papa Emérito Bento XVI e o Papa Francisco pediram o fim da pena de morte e alegaram que os bispos norte-americanos votaram majoritariamente a favor da nova linguagem do Papa Francisco no Catecismo que chama a pena de morte de "inadmissível".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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