O Papa Francisco assinalou que "ser cristão não é somente cumprir os Mandamentos", mas também permitir que o Espírito Santo conduza com docilidade e liberdade.

“Ser cristão não é somente cumprir os Mandamentos: devem ser cumpridos, isso é verdade, mas se você se detém aí, você não é um bom cristão. Ser um bom cristão é deixar que o Espírito Santo entre em você e o carregue, leve-o aonde Ele quer. Esta é a liberdade do Espírito. Que o Senhor nos ajude a ser sempre dóceis ao Espírito Santo ”, assim indicou o Santo Padre durante sua homilia da Missa na Casa Santa Marta, nesta segunda-feira, 20 de abril.

 

Refletindo sobre a passagem do Evangelho de São João (Jo 3, 1-8) que narra o encontro de Jesus com Nicodemos, o Pontífice comentou que “em nossa vida cristã muitas vezes nos detemos como Nicodemos, diante do ‘assim sendo’, não sabemos qual passo posso dar, não sabemos como fazê-lo ou não temos a confiança em Deus para dar esse passo e deixar o Espírito entrar”.

Por essa razão, o Papa Francisco convidou a "nascer novamente, deixar que o Espírito entre em nós e que seja o Espírito a conduzir-me e não eu, e aí, livre, com essa liberdade do Espírito em que você jamais saberá onde vai parar".

"É o salto que a confissão de Nicodemos deve fazer e ele não sabe como fazê-lo. Porque o Espírito é imprevisível. A definição do Espírito que Jesus dá aqui é interessante:  ‘O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito’, ou seja, é livre. Uma pessoa que se deixa conduzir de um lado para outro pelo Espírito Santo: essa é a liberdade do Espírito. E quem faz isso é uma pessoa dócil e aqui se fala da docilidade do Espírito”, alertou.

Nesta linha, o Papa descreveu que “os apóstolos, que estavam no cenáculo, quando vem o Espírito saíram a pregar com aquela coragem, aquela franqueza... não sabiam que isso aconteceria; e o fizeram, porque o Espírito os guiava".

“O cristão jamais deve deter-se ao cumprimento dos Mandamentos: sim, deve cumpri-los, mas ir além, rumo a esse novo nascimento que é o nascimento no Espírito, que lhe dá a liberdade do Espírito", afirmou.

Além disso, o Santo Padre também comentou sobre a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (Atos 4, 23-31) para referir que “foi o que aconteceu a esta comunidade cristã da primeira Leitura, depois que João e Pedro voltaram daquele interrogatório que tiveram com os sacerdotes”.

“Eles foram para junto de seus irmãos, nesta comunidade, e contaram tudo o que os sumos sacerdotes e os anciãos lhes haviam dito. E a comunidade, ao ouvir o relato, todos juntos, se assustaram um pouco. E o que fizeram? Rezar. Não se limitaram a medidas prudenciais, ‘não, agora façamos isso, estejamos um pouco mais tranquilos...’: não. Rezar”.

Nesse sentido, o Papa aconselhou: “que fosse o Espírito a dizer-lhes o que deveriam fazer. Elevaram suas vozes a Deus dizendo: ‘Senhor!’, e rezam. Essa bonita oração de um momento sombrio, de um momento em que devem tomar decisões e não sabem o que fazer. Querem nascer do Espírito, abrem o coração ao Espírito: que seja Ele a dizê-lo... e pedem: ‘Senhor, Herodes, Pôncio Pilatos uniram-se com as nações e os povos de Israel contra o teu Santo Espírito e Jesus’, contam a história e dizem: Senhor, faze alguma coisa!”.

“Agora, Senhor, olha as ameaças, as do grupo dos sacerdotes, e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua Palavra – pedem a franqueza, a coragem, a não ter medo, Estende a mão para que se realizem ‘curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus’. Quando terminaram a oração, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus. Deu-se um segundo Pentecostes, aí”, expressou.

Finalmente, o Papa enfatizou que "diante das dificuldades, diante de uma porta fechada, em que eles não sabiam como seguir adiante, dirigem-se ao Senhor, abrem o coração e vem o Espírito e lhes dá aquilo de que precisam e saem para pregar, com coragem, e adiante. Isso é nascer do Espírito, isso é não deter-se no “assim sendo”, no “assim sendo” das coisas que sempre fiz, no “assim sendo” do pós Mandamentos, no “assim sendo” após os costumes religiosos: não! Isso é nascer novamente”.

“E como alguém se prepara para nascer novamente? Com a oração. A oração é quem nos abre a porta ao Espírito e nos dá essa liberdade, essa franqueza, essa coragem do Espírito Santo. Que jamais saberá aonde levará você. Mas é o Espírito” e concluiu pedindo ao Senhor que “nos ajude a ser sempre abertos ao Espírito, porque será Ele a nos levar adiante em nossa vida de serviço ao Senhor”.

At 4, 23-31

Naqueles dias, 23logo que foram postos em liberdade, Pedro e João voltaram para junto dos irmãos e contaram tudo o que os sumos sacerdotes e os anciãos haviam dito. 24Ao ouvirem o relato, todos eles elevaram a voz a Deus, dizendo: “Senhor, tu criaste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe. 25Por meio do Espírito Santo, disseste através do teu servo Davi, nosso pai: ‘Por que se enfureceram as nações, e os povos imaginaram coisas vãs? 26Os reis da terra se insurgem e os príncipes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu Messias’. 27Foi assim que aconteceu nesta cidade: Herodes e Pôncio Pilatos uniram-se com os pagãos e os povos de Israel contra Jesus, teu santo servo, a quem ungiste, 28a fim de executarem tudo o que a tua mão e a tua vontade haviam predeterminado que sucedesse.

29Agora, Senhor, olha as ameaças que fazem e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua palavra. 30Estende a mão para que se realizem curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus”. 31Quando terminaram a oração, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus.

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