Mais de 50 políticos e bispos da América Latina se reúnem online para dialogar sobre a situação regional dos países diante do coronavírus e esclarecer quais serão os desafios após a pandemia.

Os encontros são organizados pela Academia de Líderes Católicos (ALC), que se dedica à formação de líderes católicos, para que, a partir dos princípios da Doutrina Social da Igreja, transformem os âmbitos sociais, políticos e econômicos.

Em conversa com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o diretor geral da ALC, José Antonio Rosas, explicou que os participantes trocaram experiências sobre a situação em cada país e aprenderam em primeira mão sobre a complexa situação em países como Itália e Espanha.

Nos diálogos, ficou claro que todos estão “envolvidos nessa situação”, portanto, “se os problemas são comuns, é necessário pensar em soluções e iniciativas regionais comuns”, explicou Rosas.

Como exemplo, os bispos alertam sobre os problemas pastorais gerados por causa do fechamento das igrejas e a impossibilidade de compartilhar a fé através da "vivência dos sacramentos".

Por sua vez, os políticos manifestam a necessidade de acompanhamento pastoral, psicológico e espiritual, pois as denúncias de violência intrafamiliar aumentaram 40% na Espanha desde o início da quarentena de coronavírus, exemplificou Rosas.

Nesse sentido, foram destacadas as iniciativas de escuta implementadas pelas dioceses do México e Chile.

Embora o primeiro desafio para a América Latina seja a "saúde pública, devido à incapacidade de atendimento dos pacientes devido à falta de leitos e respiradores"; aproxima-se uma "crise econômica brutal", com uma queda de 10% no Produto Interno Bruto (PIB).

As nações latino-americanas serão as mais afetadas devido a suas "economias frágeis", destacou Rosas.

Nesse cenário, os líderes políticos católicos preveem que a saída deve ser "através do Estado, sem repetir fórmulas ideológicas que demonstraram fracasso. É necessário um maior investimento do estado, altíssimo”, garantiu o diretor da ALC.

Da mesma forma, propõe-se que os países conduzam negociações com organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas advertiram que devem ser evitadas interlocuções em forma particular, mas que "é necessário um consenso regional latino-americano" para evitar "a imposição de agendas ideológicas em troca de recursos financeiros".

"É necessário reafirmar a grande pátria da América Latina", expressou Rosas.

Nesse sentido, "a classe política dentro dos países deve trabalhar pela unidade" e evitar "confrontos para evitar a queda dos governos neste momento".

José Antonio Rosas explicou que, através dessas reuniões com líderes políticos e bispos católicos, “estão construindo redes” e, embora o cenário “continue sendo explorado”, “tudo indica que esse pequeno esforço será materializado em uma espécie de agenda que os leigos latino-americanos promoverão em seus países".

O diálogo entre líderes políticos católicos e bispos da América Latina se concretizou em 2019, depois que a ALC aceitou o apelo do Papa Francisco de construir uma política para o bem comum.

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