O presidente do Simpósio da Conferência Episcopal da África e Madagascar (SECAM), Cardeal Phillip Ouédraogo, testou positivo para COVID-19, sendo o primeiro cardeal africano a contrair o vírus que infectou pelo menos 750 mil pessoas em todo o mundo.

O Vigário Geral da Arquidiocese de Ouagadougou (Burkina Faso), onde o Cardeal Ouédraogo é o Ordinário Local, anunciou na terça-feira, 31 de março, que “nesta manhã recebemos os resultados do teste de nosso Arcebispo. O teste deu positivo e ele foi transferido para a antiga clínica de Genets”.

O Encarregado de Comunicações da Conferência dos Bispos de Burkina Faso e Níger, Pe. Paul Dah, comentou à ACI África – agência do Grupo ACI – que o Cardeal está "em boas condições e que seus colaboradores próximos estão isolados".

A declaração assinada pelo Vigário Geral da Arquidiocese de Ouagadougou, Pe. Alfred Ouédraogo, assinalou que o Cardeal solicitou que as informações sobre seu estado de saúde sejam transmitidas ao "povo de Deus para sua tranquilidade".

O Purpurado, de 75 anos, também convidou os fiéis "a permanecerem unidos em oração por ele e por todas as pessoas doentes, bem como por todos aqueles que cuidam delas".

Burkina Faso tem 246 casos de coronavírus, 12 mortos e 31 recuperados até 30 de março.

Mais de 5 mil pessoas testaram positivo para COVID-19 no continente africano, com 201 mortes e 430 recuperados, de acordo com os relatórios.

Além disso, informa que cerca de cem sacerdotes em todo o mundo morreram por causa do vírus.

Em 5 de março, em uma entrevista à ACI África, o Cardeal Ouédraogo expressou sua preocupação com a pandemia de COVID-19 e comentou que “existe uma verdadeira epidemia que chega até nós, começando na China. Estamos realmente indefesos".

"Alguns países serão mais afetados que outros. As precauções não são as mesmas em todos os lugares. Mas tudo o que é humano interessa à Igreja”, disse o Cardeal de Burkina Faso. “A Igreja não deveria perder o interesse no destino dos homens. As pessoas que morrem por causa deste vírus e desta epidemia. Então, estamos ouvindo e tentando ver o que podemos fazer", acrescentou.

O líder do SECAM também emitiu uma declaração expressando sua preocupação com o coronavírus e fez uma oração diante "desta estranha epidemia".

Em um país que enfrenta sérios desafios de segurança, especialmente por parte de militantes islâmicos que se dirigem com frequência a locais de culto, o Cardeal Ouedraogo foi muito direto ao condenar esses atos de violência contra a população que sofre. Propôs o diálogo inter-religioso como uma solução vital para o terror na região do Sahel.

"O diálogo inter-religioso ocupa um lugar especial na luta contra o terrorismo no Sahel. É um eixo fundamental para resolver os ataques terroristas na região do Sahel e na África em geral”, disse o Purpurado à ACI África em entrevista datada de 5 de março.

Publicado originalmente em ACI África. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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