A paquistanesa Asia Bibi deverá pedir asilo à França e irá se encontrar com autoridades do país, entre as quais o presidente Emmanuel Macron, na sexta-feira, segundo informou o canal francês RFI.

De acordo com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Bibi está com o visto que lhe permite viver no Canadá com a família prestes a expirar e, nesse sentido, pretende pedir asilo à França.

A informação se fez publica por meio do canal francês RFI, o qual citou fonte do Palácio do Eliseu para assegurar que tudo está a ser tratado. “Como sempre dissemos, a França está disposta a receber Asia Bibi e sua família na França, se assim o desejar”, refere a presidência francesa.

Na nota, acrescenta-se ainda que, “desde a sua condenação em 2010 por blasfêmia, a França mobilizou-se” na defesa da cristã paquistanesa.

Asia Bibi, cristã e mãe de cinco filhos, foi condenada à morte por enforcamento em 2009, no Paquistão, pela Lei da Blasfêmia. Foi falsamente acusada de fazer comentários depreciativos sobre o profeta Maomé depois de uma discussão por um pouco de água.

Esteve presa no corredor da morte até outubro de 2018, quando sua sentença foi revogada. Em maio de 2019, deixou o Paquistão e agora vive exilada no Canadá, em um local não revelado.

Atualmente, Asia Bibi está na França, onde recebeu na terça-feira o título de cidadã-honorária de Paris. A passagem da paquistanesa pelo país europeu se dá para a divulgação do livro-depoimento “Finalmente livre”, escrito juntamente com a jornalista francesa Anne-Isabelle Tollet sobre a sua dramática história.

Em breves declarações dadas à imprensa, Bibi se refere a França como “o país onde recebi uma nova vida” e a Anne-Isabelle como tendo sido “um anjo para mim”.

A ACN, por sua vez, recorda que, desde o início, esteve empenhada na libertação de Asia Bibi e, no final de janeiro de 2019, horas depois de divulgada a informação de que ela tinha sido ilibada de todas as acusações pelo Supremo Tribunal de Justiça, e era finalmente uma mulher livre, o secretário-geral internacional Fundação Pontifícia, Philipp Ozores, se manifestou sobre o caso.

Para ele, “a decisão judicial é um triunfo dos direitos humanos sobre a intolerância religiosa, uma vitória sobre o ódio dos fanáticos e, acima de tudo, uma felicidade pessoal e uma grande alegria para a Asia Bibi e os seus familiares”.

No entanto, recordou que o caso de Asia Bibi exige que se lute igualmente pelos outros cristãos paquistaneses também acusados de blasfêmia.

“Após mais de oito anos de incerteza, uma esperança há muito acalentada hoje tornou-se realidade. Uma esperança que também inspira os restantes 187 cristãos paquistaneses acusados de blasfêmia como Asia Bibi e que se encontram na prisão ou aguardam a sua execução”, disse.

Assegurou ainda que a Fundação ACN “irá continuar a rezar e a trabalhar com outras organizações e parceiros de projeto no Paquistão. Espera-se que a decisão do tribunal seja finalmente repensada pelo governo e as leis da blasfêmia sejam atenuadas, ou melhor, abolidas”.

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