O Cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Dom Manuel Clemente assumiu a possibilidade de se realizar uma intervenção “antes, durante e depois” do debate parlamentar sobre a despenalização da eutanásia marcado para 20 de fevereiro.

Em declarações à Agência Ecclesia, do episcopado português, o Purpurado assinalou a intenção de promover uma mobilização “até fora do âmbito eclesial”, pois o que está em causa é “a vida, o seu significado, sobretudo quando está mais fragilizada”.

De acordo com o Patriarca, o despenalização da eutanásia “pode ser episodicamente aprovada, mas nós estamos aqui, como seres humanos, nesta frente comum por uma humanidade melhor”.

“Esta é uma questão humana, não se deve confinar esta frente pela vida ao âmbito eclesial, porque ela é humanitária e a humanidade diz respeito a todos”.

Nesse sentido, recorda Ecclesia, a Federação Portuguesa pela Vida irá promover uma concentração no dia 20 de fevereiro, a partir das 12h30, no Largo de São Bento.

Uma sociedade paliativa

A Assembleia da República portuguesa agendou para 20 de fevereiro o debate dos projetos dos partidos BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da eutanásia.

Em maio de 2018, quatro projetos de lei desses mesmos partidos que propunham a despenalização da eutanásia em Portugal foram discutidos e rejeitados pelo Parlamento.

Em recentes declarações ao site Observador, André Silva, do PAN, assinalou que “são grandes” as expectativas pela aprovação dos projetos, porque “a maioria conservadora da anterior legislatura que reprovou este avanço fundamental está, neste momento, em minoria”.

Por sua vez, Dom Manuel Clemente ressaltou à Agência Ecclesia que o tema da legalização da eutanásia “não se pode tratar de ânimo leve”.

“A atitude correta que devemos ter é estar ao lado de quem sofre, para que essa última fase da sua vida – com tudo aquilo que os cuidados paliativos também podem e devem fazer, quando generalizados e aplicados –, seja uma fase positiva”, afirmou.

Para o Cardeal-patriarca, a prioridade é que a sociedade seja “toda ela paliativa”, uma sociedade “que abriga, que acolhe, que envolve”.

“Isto é muito importante, quer no princípio da vida, quer na sua última fase”, afirmou, acrescentando que “a vida tem de ser vivida em toda a sua latitude e longitude, ainda antes do nascer, na sua fase embrionária, e na sua fase final. Está é uma questão que, ou se trata na totalidade, ou fica muito maltratada”.

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