Nesta segunda-feira, 30 de dezembro, faleceu em Roma o Cardeal Prosper Grech, aos 94 anos. Foi o Purpurado que dirigiu a meditação diante dos 114 cardeais que elegeram o Papa Francisco no conclave em março de 2013.

O Purpurado morreu por causas naturais em sua residência, o Augustinianum, em Roma (Itália), poucos dias depois de ter concelebrado a Missa de Natal com o Santo Padre.

É recordado por ter dirigido uma meditação no conclave de 2013, na qual expôs “o que Cristo quer de sua Igreja”.

“Não tenho nenhuma intenção de fazer o identikit do novo Papa, e muito menos apresentar um plano de trabalho ao futuro pontífice. Esta tarefa delicadíssima é tarefa do Espírito Santo, que nas últimas décadas nos presenteou com uma série de ótimos pontífices santos. Minha intenção é extrair das Sagradas Escrituras algumas reflexões para fazer entender o que Cristo quer de sua Igreja”, disse então o Purpurado.

Sobre os casos de pedofilia na Igreja, o Cardeal afirmou que “agora é necessário humilhar-se frente a Deus e diante dos homens, e procurar erradicar o mal a todo custo, como fez Bento XVI com grande dor”.

“É somente assim que se recuperará a credibilidade frente ao mundo e se dará exemplo de sinceridade. Hoje, muita gente não chega a acreditar em Cristo porque seu rosto está escurecido ou escondido por trás de uma instituição que carece de transparência”.

O Cardeal Grech também explicou que “não menos fácil para o futuro pontífice será a tarefa de manter a unidade na mesma Igreja Católica. Entre os extremistas ultra-tradicionalistas e os extremistas ultra-progressistas, entre os sacerdotes rebeldes à obediência e os que não reconhecem os sinais dos tempos, estará sempre o perigo de cismas menores que não somente ferem a Igreja, mas vão contra a vontade de Deus: a unidade custe o que custar. Mas unidade não significa uniformidade”.

“É evidente que isto não fecha as portas à discussão intraeclesial, presente em toda a história da Igreja. Todos são livres de expressar o que pensam em relação à missão da Igreja, mas de tal forma que seja proposto na linha desse ‘depositum fidei’ que o pontífice, junto a todos os bispos, tem o dever de custodiar”, acrescentou.

O Cardeal também indicou que “no Ocidente, pelo menos na Europa, o cristianismo mesmo está em crise”, pois “reina uma ignorância e um abandono não somente da doutrina católica, mas também do próprio ABC do cristianismo. Por isso, sente-se a urgência da nova evangelização que começa com o kerigma puro e sem artifícios anunciados aos não crentes, seguido por uma catequese contínua alimentada pela oração”.

Diante das diferentes ameaças à fé, sublinhou então o Cardeal Grech, “Deus não pode ser derrotado pela nossa negligência. A Igreja é sua, as portas do inferno poderão feri-la no calcanhar, mas jamais a poderão extinguir”.

Breve biografia do Cardeal Grech

O Cardeal Prosper Grech nasceu em Birgu (Malta), em 24 de dezembro de 1925.

Ingressou na Ordem de Santo Agostinho, onde recebeu a ordenação sacerdotal em 25 de março de 1950. Obteve doutorado em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e mestrado em Sagrada Escritura no Pontifício Instituto Bíblico.

Foi professor de teologia em centros de estudos agostinianos de seu país. Em 1965, foi chamado para dirigir o Instituto Teológico Agostiniano; e, em 1969, junto ao então superior geral da Ordem, fundou o Instituto patrístico Augustinianum de Roma.

Por mais de trinta anos foi professor de hermenêutica no Pontifício Instituto Bíblico e, além disso, foi professor de teologia bíblica na Pontifícia Universidade Lateranense. Em 1984, foi nomeado consultor da Congregação para a Doutrina da Fé.

Bento XVI o criou Cardeal em 18 de fevereiro de 2012, por isso foi consagrado bispo 10 dias antes, em 8 de fevereiro.

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