Com a presença de autoridades civis, políticas e religiosas de diversas confissões, entre as que se encontravam representantes do Vaticano, milhares de pessoas deram seu último adeus ao Irmão Roger Schütz, o fundador da comunidade ecumênica de Taizé, assassinado naquela localidade por uma mulher romena na semana passada.

Antes da Eucaristia celebrada na Igreja da Reconciliação daquela localidade do centro-leste da França, durante os funerais do monge suíço falecido aos 90 anos de idade, um dos representantes da Santa Sé, o Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, rendeu tributo a quem fora “um dos grandes mestres espirituais e também pai espiritual de nosso tempo”, destacando seu compromisso pela comunhão e a reconciliação.

“Com sua presença, sua palavra e seu exemplo, o irmão Roger projetou o amor e a esperança muito além das fronteiras e as divisões deste mundo”, afirmou o Cardeal, ao destacar também o “profundo desejo de reconciliação e encontro' que este ‘homem de comunhão’ levava no coração”.

Do mesmo modo, o Presidente do Pontifício Conselho reconheceu ante os representantes das comunidades anglicana, luterana e ortodoxa, que “mais que um guia ou um mestre espiritual, o Irmão Roger foi para muitos como um pai, como um reflexo do Pai eterno e da universalidade de seu amor”.

Além do Cardeal alemão, esteve em representação da Sé Apostólica o Núncio Apostólico na França, Arcebispo Fortunato Baldelli. Entre os dignatarios reunidos no templo de Taizé estavam o presidente da Alemanha, Horst Koehler, o ministro francês de Interior, Nicolas Sarkozy, e o secretário de estado de Cultos da Romênia, Adrian Lameni.

Perdão para a assassina

Por sua parte, ao iniciar a cerimônia exéquias, o novo prior da comunidade, o Irmão Alois, pediu a Deus que perdoe à assassina. “Deus bondoso, confiamos a vosso perdão a Luminita Solcan, quem em um ato doentio pôs fim à vida de nosso irmão Roger” e “vos dizemos: Pai, perdoai-la, não sabe o que tem feito”.

Solcan, de 36 anos de idade e em quem os psiquiatras franceses detectaram “delírios de tipo paranóico”, apunhalou ao Irmão Roger durante a reza vespertina da liturgia das horas no templo que albergava nesse momento a umas duas mil e 500 pessoas. Encarcerada, a mulher foi acusada de assassinato.

Os restos mortais do Irmão Roger, diante dos quais milhares de pessoas, muitos jovens entre elas, puderam inclinar-se em recolhimento desde a quinta-feira passada na igreja, repousavam em um féretro de madeira clara, rodeado de flores, no coro.