Líderes pró-vida que participaram da “Cúpula de Nairóbi sobre a ICPD 25: Acelerando a Promessa”, organizada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelos governos da Dinamarca e do Quênia, denunciaram que este evento nada mais é do que uma “farsa” para promover o aborto e a ideologia de gênero.

A cúpula, realizada de 12 a 14 de novembro, em Nairóbi, capital do Quênia, atraiu o financiamento de organizações como a Ford Foundation, Johnson & Johnson, Philips e World Vision.

O evento aconteceu por ocasião do 25º aniversário da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (ICPD) do Cairo.

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, Rodrigo Iván Cortés, presidente da Frente Nacional para a Família do México, que conseguiu entrar na Cúpula apesar do veto tácito às plataformas pró-vida, lembrou que no evento do Cairo, que causou muita controvérsia e motivou um destacamento católico liderado por São João Paulo II, "quiseram impor a questão do aborto", entre outras propostas "que não tinham nada a ver com o desenvolvimento, mas com uma agenda antinatalista".

Recordou que o ativismo pró-vida e em defesa da família "surtiu efeito, de tal maneira que vários países rejeitaram essas propostas e o aborto ficou rejeitado de maneira expressa como um método de planejamento familiar”.

“Foi expressamente declarado no Cairo que o aborto deveria ser um assunto que somente os poderes legislativos dos respectivos países poderiam definir, e que era preciso respeitar a cultura e os valores de cada país e sua soberania. Não foi aprovado absolutamente nada do que hoje conhecemos como ideologia do gênero”, explicou.

No entanto, nos diferentes espaços da Cúpula de Nairóbi "estão inventando repetidamente que a promessa do Cairo era o aborto e a ideologia de gênero como um direito".

O Vaticano desistiu formalmente de participar da Cúpula de Nairóbi e o Núncio Apostólico no Quênia e no Sudão do Sul, Dom Bert van Megen, descreveu como "lamentável" a decisão dos organizadores de "concentrar a conferência em alguns temas controversos, que causam divisão, que não têm consenso internacional e que não refletem bem a ampla agenda de desenvolvimento que se deve destacar na ICPD”.

Cortés enfatizou que “a burocracia das Nações Unidas não pode inventar novos direitos. Nos regulamentos da ONU, só são reconhecidos como direitos aqueles que estão nas convenções internacionais confirmados de maneira formal e escrita pelos países membros. E o que aconteceu neste evento é a anormalidade total”.

Essa cúpula, ressaltou, "não pode gerar nenhuma questão vinculante" para os estados.

Cortés enfatizou que, através de uma campanha promovida na plataforma internacional CitizenGO foram reunidas mais de 100 mil assinaturas entregues ao presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, conseguindo com que este, em seu discurso na Cúpula, não mencionasse “em nenhum momento os direitos sexuais e reprodutivos”.

"Também deve ser mencionado que o Congresso do Quênia rejeitou o pedido das Nações Unidas para ter uma sessão no Parlamento, porque o que estão promovendo como novos direitos sexuais e reprodutivos não tem respaldo internacional e vai contra a Constituição."

Por sua vez, Luis Losada, diretor de campanhas do CitizenGO, concordou que, na Cúpula de Nairóbi, “pretende-se impor uma educação sexual integral, financiar a contracepção de toda a população feminina e garantir o aborto legal, em condições sanitárias e gratuitas”.

"Para tudo isso, exigem ‘compromisso’, que nada mais é do que uma exigência de pressuposto aos diferentes estados”, denunciou.

Também expressou que se sentiu triste principalmente pelos “aplausos depois de mencionar o referendo do aborto na Irlanda”, que culminou com a legalização desta prática.

"Isso evidencia que a Cúpula pretendia garantir o 'direito ao aborto', um direito que não aparece em nenhum texto internacional oficial", disse.

Losada disse que “CitizenGO mostrou a realidade do aborto nas portas da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento. Mostramos através de bonecos manchados de sangue a realidade do que estava sendo discutido na cúpula”.

“E o fizemos na rua porque nem nós nem nenhuma ONG pró-vida foi aceita para participar na cúpula partidária ideológica e radical. Que tenham enviado a polícia e o exército para nos expulsar da concentração é também uma boa mostra do espírito de censura e totalitário da cúpula”, assinalou.

Rodrigo Iván Cortés disse que estão trabalhando, através de plataformas como a Political Network for Values, para que legisladores de diferentes países "se pronunciem explicitamente contra essa farsa".

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