O Vaticano confirmou nesta quarta-feira, 13 de novembro, sua confiança na justiça australiana por ocasião da decisão do Supremo Tribunal da Austrália de escutar a apelação do Cardeal George Pell, condenado no último dia 13 de março a seis anos de prisão por abusos sexuais de dois menores em 1996.

Segundo um comunicado divulgado pelo diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, “a Santa Sé, ao confirmar a própria confiança na justiça australiana reconhece a decisão do Supremo Tribunal australiano de acolher o pedido de apelo apresentado pelo Cardeal George Pell, consciente de que o Cardeal sempre afirmou sua própria inocência”.

Além disso, explicou que "a Santa Sé reitera, mais uma vez, sua proximidade com os que sofreram por causa dos abusos por parte dos membros do clero".

O Cardeal Pell, que foi Prefeito da Secretaria para a Economia do Vaticano, sempre defendeu sua inocência. No entanto, o Tribunal que o julgou o considerou culpado em 11 de dezembro de 2018 das acusações de abuso que teriam sido cometidos após a Missa quando era Arcebispo de Melbourne.

Uma primeira apelação, apresentada ao Tribunal de Apelações de Victoria, foi rejeitada em 21 de agosto e a apelação ao Supremo Tribunal é a última opção que o Cardeal tem para defender sua inocência.

O principal argumento da defesa de Pell, que causou a divisão dos juízes que avaliaram sua primeira apelação, tem como elemento central a questão sobre se as provas nas quais a sentença se baseia são irracionais e impossíveis.

Especificamente, a defesa afirma que é impossível que o Cardeal tenha sido capaz de ter movido ou levantado suas vestimentas litúrgicas após a Missa, como defende o demandante, para cometer os abusos.

De acordo com a acusação, o então Arcebispo Pell teria cometido abuso sexual quando estava totalmente vestido com seu traje de Missa. A defesa argumenta que é uma ação fisicamente impossível de ocorrer.

Na ocasião deste novo recurso perante o Supremo Tribunal, a Arquidiocese de Sydney emitiu uma declaração do Arcebispo Dom Anthony Fisher, na qual recorda que "o Cardeal sempre manteve sua inocência e continua a fazê-lo".

Assinala também que "a divisão do Tribunal de Apelações ao emitir sentença reflete uma divisão existente dentro do jurado, dos analistas jurídicos e de nossa comunidade”.

“Muitas questões permanecem abertas e é apropriado que sejam examinadas pelo nosso Tribunal Superior. Pelo bem de todos os envolvidos neste caso, espero que a apelação seja ouvida o mais rápido possível. A Igreja continuará oferecendo apoio pastoral ao Cardeal enquanto ele permanecer na prisão, aguardando a avaliação de seu apelo e a todos os demais afetados pela decisão de hoje”.

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