Pe. Hans Zollner, sacerdote jesuíta e presidente do Centro para a Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, concedeu uma entrevista ao programa ‘Cara a Cara’ da EWTN, que será transmitido em breve, onde incentivou a Igreja Católica a liderar a prevenção e erradicação do abuso sexual em todo o mundo.

Em entrevista a Alejandro Bermúdez, diretor do Grupo ACI e apresentador de ‘Cara a Cara’, Pe. Zollner enfatizou que é compreensível “a decepção e a queda de credibilidade que a Igreja enfrenta quando descobrimos o mal que alguns sacerdotes e o mal que os bispos fizeram encobrindo os casos de abusos”.

"É uma questão compreensível e justa que devemos enfrentar", assegurou e recordou algumas palavras do Papa São João Paulo II que Bento XVI também repetiu sobre o assunto: "É um tempo de necessária purificação".

Durante a entrevista, Pe. Zollner também lembrou que o Papa Francisco comparou o abuso sexual de menores com os abusos contra a Eucaristia, assegurando que são "um sacrilégio".

Diante desta crise, o especialista da Pontifícia Universidade Gregoriana explicou que a solução não depende apenas da Igreja, mas é “um alerta para todos nós que temos uma vida cristã, para viver o que proclamamos. É um apelo à conversão”.

“Cada pessoa, não apenas os provinciais ou sacerdotes, mas todos podem contribuir, em primeiro lugar, para lutar contra os abusos, em segundo lugar, escutar as vítimas dos abusos cometidos e, em terceiro lugar, para uma mudança de atitude na Igreja, fazendo algo para melhorar a situação”, enfatizou.

Pe. Zollner também incentivou a Igreja não apenas a prevenir abusos, mas propôs que lidere "uma mudança" diante desse problema que está presente nas sociedades de todos os países, "porque o abuso sexual é muito grande em todo o mundo".

Por isso, recordou os dados fornecidos pelo Conselho da Europa nos quais se afirma que um em cada cinco jovens na Europa foi abusado.

"Ou seja, 20%. Em cada turma de 25 alunos, cinco foram abusados. A sociedade não se conscientiza disso e talvez não queira fazê-lo, assim como a própria Igreja não quis tomar consciência do abuso dos sacerdotes porque faz enfrentar a realidade”, afirmou.

O sacerdote expressou sua confiança de que, diante da crise dos abusos sexuais, "a Igreja pode fazer muito se todos estivermos comprometidos em lutar contra o abuso e suas consequências" e garantiu que pode ser "uma luz para toda a humanidade, ao se esforçar em proteger as pessoas mais preciosas, que são o futuro da humanidade, que são crianças”.

Na entrevista ao programa ‘Cara a Cara’ da EWTN, que será transmitida em breve, Pe. Zollner disse que a proteção do menor "deve estar no coração da Igreja".

Também se referiu à reunião histórica realizada no Vaticano em fevereiro passado, na qual todos os presidentes das conferências episcopais e superiores das congregações religiosas se encontraram, onde foram escutados os testemunhos de oito vítimas de abusos sexuais de todo o mundo o mundo.

Durante esses dias, os participantes "viram o interesse do Santo Padre em se envolver e se comprometer em uma luta que concerne à Igreja e em nome de toda a sociedade".

"Porque a Igreja tem a missão de lutar contra esses crimes dentro dela, mas também pode liderar a luta contra os abusos em muitos lugares", assegurou Pe. Zollner.

Esse encontro culminou com a publicação da carta apostólica na forma de um motu proprio "Vos estis lux mundi", na qual são dadas indicações precisas sobre como lidar com as denúncias sobre abusos e as consequências canônicas a esse respeito.

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