O Arcebispo de Gniezno e Varsóvia (Polônia) de 1948 a 1981, Cardeal Stefan Wyszyński, será beatificado em Varsóvia em 7 de junho de 2020, na praça Piłsudski, anunciou o Arcebispo local na segunda-feira.

"Temos que enfatizar principalmente sua espiritualidade, porque sabemos muito mais sobre o Cardeal Wyszyński como estadista e alguém que defendeu o homem, a Igreja e sua terra natal", disse o Arcebispo de Varsóvia, Cardeal Kazimierz Nycz, em 21 de outubro.

"O Cardeal Wyszyński foi a pedra em torno da qual o catolicismo polonês se reuniu durante os piores períodos de opressão comunista", comentou George Weigel a CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, em 22 de outubro.

Além disso, o Cardeal Wyszyński "projetou a 'Grande Novena', a re-catequese de todo o país entre 1957 e 1966, que lançou as bases religiosas e morais sobre as quais o movimento Solidariedade foi construído".

"Wyszyński e Wojtyla tinham visões diferentes sobre a Igreja, Wojtyla foi mais um homem do Vaticano II, mas como Arcebispo de Cracóvia, Wojtyla foi completamente leal a Wyszyński, nunca deixava que os comunistas brincassem de dividir e conquistar", disse Weigel.

"E não há dúvida de que Wojtyla compartilhou a visão de Wyszyński de que a estratégia 'Ostpolitik' do Vaticano de acomodar-se aos regimes comunistas foi uma bobagem", acrescentou.

O Cardeal Wyszyński é reconhecido por ter ajudado a conservar o cristianismo na Polônia durante o regime comunista.

Foi colocado em prisão domiciliar pelas autoridades comunistas por três anos por se recusar a punir os sacerdotes ativos na resistência polonesa contra o governo.

"O medo de um apóstolo é o primeiro aliado de seus inimigos", escreveu o futuro beato em suas anotações enquanto estava preso. "A falta de coragem é o começo da derrota de um bispo", escreveu.

O Vaticano anunciou em 3 de outubro a aprovação do milagre atribuído à intercessão do Cardeal Wyszynski, que consiste na cura de uma mulher, de 19 anos, de câncer de tireoide, em 1989. Depois que a jovem recebeu o diagnóstico incurável, um grupo de religiosas polonesas rezou pedindo a intercessão do Cardeal Wyszyński, que morreu de câncer abdominal em 1981.

Nascido no povoado de Zuzela, no que então era o Império Russo, em 1901, Wyszyński foi ordenado sacerdote da Diocese de Włocławek (Polônia) aos 24 anos, celebrando sua primeira Missa no santuário de Jasna Gora, em Czestochowa (Polônia). Serviu como capelão militar durante a revolta de Varsóvia contra os alemães em 1944 e foi nomeado bispo de Lublin em 1946.

Em 1948, foi nomeado Arcebispo de Gniezno e Varsóvia, e foi criado cardeal em 1953.

O Cardeal Wyszynski morreu 15 dias após o atentado contra São João Paulo II, em 1981. Incapaz de comparecer ao funeral, o Papa polonês escreveu em uma carta ao povo da Polônia: “Meditem particularmente na figura do inesquecível primaz, Cardeal Stefan Wyszynski, de venerada memória, sua pessoa, seu ensinamento, seu papel em um período tão difícil de nossa história".

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