No sábado, o maratonista queniano Eliud Kipchoge se tornou a primeira pessoa a correr uma maratona em menos de duas horas; no entanto, o que muitos não sabiam é que o atleta professa uma profunda fé católica que lhe foi transmitida por sua família.

Kipchoge completou em 1 hora 59 minutos e 40 segundos um trajeto de 42 quilômetros em Viena, capital da Áustria, quebrando todos os recordes anteriores.

Pouco depois de terminar a corrida, Kipchoge fez o que sempre faz após cada participação: Ajoelhou-se, inclinou a cabeça ao chão e fez o sinal da cruz em ação de graças.

Em sua cidade natal, seus amigos e familiares dizem que a extraordinária conquista de Kipchoge pode ter algo a ver com sua profunda fé católica.

O primo de Kipchoge, Pe. Kennedy Kipchumba, disse no sábado, 12 de outubro, à ACI África – agência africana do Grupo ACI – que a conquista do corredor foi "um momento de alegria e júbilo, somado a que Deus cumpre a sua promessa".

"Eu fiz parte das 3 mil pessoas que assistiam a corrida em um telão e junto com todos terminamos inclinando-nos diante de Deus para lhe agradecer por tudo o que nos ofereceu”, disse Pe. Kipchumba.

Após a conquista de Kipchoge, sua família, incluindo vários sacerdotes, celebrou uma Missa em ação de graças.

“Todos vieram à Igreja para agradecer a Deus. Celebramos a Missa para agradecer a Deus. Celebramos como comunidade; estava a família, Pe. Benjamin Oroiyo, que também é membro da família, Pe. Benedict Rono, e também nos acompanhou o vice-governador do condado de Nandi, membro do parlamento da região, entre outros líderes locais”, disse Pe. Kipchumba.

A Missa foi celebrada em uma pequena capela do povoado chamada St. Peter's Kapsisiwa, que pertence à paróquia de St. Joseph’s Sangalo, na Diocese de Eldoret.

Kipchoge, de 34 anos, cresceu na pequena cidade de Kapsisiwa, a mais de 320 quilômetros da capital do Quênia, Nairóbi. A área ao redor de Kapsisiwa é uma montanha de colinas verdes, onde Kipchoge começou a correr quando era criança. O maratonista agora mora com a sua esposa na cidade de Eldoret, no oeste do Quênia, perto de sua cidade natal.

“A pessoa importante da família é a mãe (do atleta), que trouxemos de sua casa” para a Missa, explicou Pe. Kipchumba.

A mãe de Kipchoge, Janeth Rotich, é vista como uma defensora moral e espiritual de seu filho.

“Eu acordo às 3 horas todos os dias para rezar por Kipchoge. Rezo o terço”, disse aos jornalistas locais.

Kipchoge saiu do Quênia na segunda-feira, 7 de outubro, na festa de Nossa Senhora do Rosário, para participar da maratona em Viena. Mas, antes de partir, a paróquia na qual participa em Nairóbi lhe ofereceu uma Missa.

Na véspera de sua partida, a comunidade da St. Paul’s University Catholic Church ofereceu orações especiais.

“Kipchoge é amigo do coral estudantil da capela da Universidade de St. Paul. No domingo passado, tivemos uma Missa para Eliud Kipchoge”, disse à ACI África o capelão da Universidade de Nairóbi, Pe. Peter Kaigua.

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Pe. Kaigua descreveu o histórico maratonista Kipchoge como “uma inspiração para os jovens, um mentor para os jovens e um homem humilde; através dele, os jovens começam a ver que seus sonhos podem ser cumpridos”.

“Antes de oferecer-lhe uma Missa na semana passada, costumávamos falar sobre ele com os estudantes na universidade. Portanto, escolhemos lhe oferecer uma Missa antes de ir à maratona, para que Deus possa ajudá-lo a realizar seu sonho”, acrescentou o presbítero.

"No dia da Missa, os jovens tinham camisetas impressas com seu nome", acrescentou.

Durante a Missa, Pe. Kaigua disse que a corrida de Kipchoge “levará seu corpo e mente a níveis desconhecidos, e se alguma vez precisou de Deus, da Mãe Maria e de todos os santos, este é o momento, é por isso que estamos aqui, rezando muito”.

 "A universidade atuou como seu ‘marca-passo espiritual’. Sua vitória é um sinal de que a oração dos jovens foi atendida”, acrescentou o sacerdote.

Quando Kipchoge cruzou a linha de chegada, disse que se sentia como “o homem mais feliz por alcançar o recorde em menos de duas horas e por inspirar muitas pessoas; para dizer as pessoas que nenhum humano é limitado, pode fazer”.

"Espero que mais atletas de todo o mundo corram em menos de duas horas", acrescentou.

Sacerdotes, religiosos e leigos em seu país natal, Quênia, elogiaram Kiphchoge como um homem de grande inspiração. Alguns interpretam seu sucesso no contexto do "Mês Missionário Extraordinário" da Igreja, cujo tema é "batizado e enviado".

“Eliud Kipchoge, batizado e enviado! Vi sua mãe com um terço branco no pescoço. É assim que a fé é transmitida nos ambientes familiares. A mãe passa para o filho”, disse Pe. Samunel Nyattaya, que pertence à Arquidiocese de Kisumu, no Quênia, à ACI África.

O sacerdote disse que se sentia "tão felizmente surpreso com a demonstração de sua fé católica".

“Acho que Deus está feliz em ver que estamos nos esforçando para maximizar nosso potencial. Deus deve estar tão feliz de ver este corajoso queniano incentivando o mundo inteiro com a sua crença”, disse a Irmã Margaret Mutiso, membro das Filhas do Sagrado Coração, à ACI África.

Kipchoge "defende um mundo pacífico, onde todos vivamos juntos em harmonia e não nos limitemos a fazer isso", acrescentou.

Por sua vez, Pe. Kaigua disse que a paróquia universitária de Nairóbi já está "planejando celebrar outra Missa para ele em sua presença", “assim que ele voltar ao país".

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