Em seu discurso às religiosas participantes do Capítulo Geral da Pia Sociedade Filhas de São Paulo, o Papa Francisco as incentivou a não se permitirem cair na resignação que entra na alma e amargura o coração.

Dirigindo-se à superiora geral e referindo-se à Palavra como alimento, o Papa exortou: “Madre Geral: Que se alimentem bem! Não se deixem bloquear pelo cansaço ou pela resignação. A resignação é um tumor que entra na alma e amargura o coração”.

Na Sala Clementina do Palácio Apostólico, nesta sexta-feira, 4 de outubro, o Santo Padre explicou que essa atitude pode ser vista nos "homens e mulheres consagrados que têm aquele rosto que diz 'eh, as coisas são assim, infelizmente'". Portanto, encorajou-as novamente a “não cair no espírito de resignação. Nunca! O caminho que percorrestes foi longo e frutuoso. Ainda tens um caminho longo a percorrer”.

O Pontífice também se referiu ao "inverno" que atravessa a vida consagrada, a Igreja e o mundo hoje.

“O inverno, também na Igreja e na vida consagrada, não é um tempo estéril nem de morte, mas um tempo propício que consente voltar ao essencial. Para que assim vocês possam reencontrar os elementos da profecia Paulina, redescobrir a peregrinação apostólica e missionária, que não pode faltar nas Filhas de São Paulo e assim abrir as periferias do pensamento e as periferias existenciais”, afirmou o Santo Padre.

"Queridas irmãs, nestes tempos ‘delicados’ e ‘duros’, como disse o Papa João Paulo II, a fé é mais do que nunca necessária. Muitos dizem que a vida consagrada está passando por um inverno. Pode ser que seja assim porque as vocações estão escassas, a idade média avança e a fidelidade aos esforços assumidos com a profissão nem sempre é o que deveria ser”, ressaltou.

“Nesta situação, o grande desafio é atravessar o inverno para reflorescer e trazer frutos. O frio da sociedade, às vezes também dentro da Igreja e da própria vida consagrada, encoraja-nos a ir às raízes e a viver essas raízes”, continuou o Papa Francisco.

“Nutridas pela Palavra, para anunciar a todos o caminho luminoso da vida que é o Evangelho de Jesus Cristo, vocês carregam em seu DNA a audácia missionária. Que nunca falte a audácia, na consciência de que o protagonista da missão é o Espírito Santo”, destacou o Santo Padre.

É necessário, continuou o Papa, “partir pelos caminhos do mundo com um olhar contemplativo e pleno de empatia pelos homens e as mulheres do nosso tempo, famintos da Boa Nova do Evangelho. Sentir-se parte de um instituto em saída, em missão, colocando todas as forças a serviço da evangelização. Deixar-se desafiar pela realidade em que vivemos, deixar-se inquietar pela realidade”.

"Ser missionárias com o testemunho da vida centrada em Cristo, especialmente para vocês, através da produção editorial, digital e multimídia e promovendo a formação crítica no uso da mídia e animação bíblica".

O Pontífice também disse que “tudo isso é impossível sem a fé: a fé de Abraão que acreditou, firme na esperança contra toda esperança; a fé de Maria, que mesmo sem compreender o mistério acredita e aceita: 'Faça-se em mim segundo a tua Palavra', a fé de Pedro, que diz: ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna’".

Para encorajá-las a semear a Palavra com a comunicação, o Papa Francisco exortou as religiosas a “reacender o dom da fé, sendo sempre iluminadas pela Palavra. Ela é o centro da sua vida pessoal e comunitária, na liturgia e na lectio divina”.

“Colocar-se em caminho, com a audácia que vem do Espírito e a criatividade que caracterizou seu fundador. Partir, sair com pressa, como a Virgem Maria e São Paulo, assim vocês também estão chamadas a comunicar, com a vida e com as obras apostólicas, a Boa Notícia aos homens e mulheres de hoje. Não há tempo a perder. ‘Ai de mim se não evangelizar’”, destacou finalmente.

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