O Papa Francisco recordou três fatos da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Puebla, em 1979, quando ele era superior da Companhia de Jesus na Argentina.

O Santo Padre recebeu, nesta manhã, os relatores e organizadores do congresso pelos 40 anos da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Puebla de los Ángeles, realizada durante a primeira viagem do Papa São João Paulo II ao México, em 1979.

O congresso, que se realiza na cúria geral dos jesuítas, em Roma, é organizado pela Pontifícia Comissão para a América Latina e pelo Pontifício Comitê de Ciências Históricas.

O Papa lembrou que, naquele tempo, era provincial dos Jesuítas na Argentina e acompanhou “com muita atenção e interesse o intenso e apaixonante processo de preparação da III Conferência. Tive presente três fatos marcantes que, sem dúvida, iriam direcionar o evento”.

“O primeiro foi a decisão de São João Paulo II de realizar sua primeira viagem apostólica ao México e pronunciar o discurso inaugural da Conferência, que indicou com clareza os caminhos para o seu desenvolvimento. Foi como a inauguração de seu longo, itinerante e fecundo pontificado missionário”, afirmou o Papa.

“O segundo fato que me pareceu fundamental desde o início da preparação da Conferência foi tomar a Exortação apostólica Evangelii nuntiandi de São Paulo VI como pano de fundo e fonte de referência para toda a sua realização. Repeti várias vezes que, para mim, a Evangelii nuntiandi é um documento decisivo, de grande riqueza, no caminho pós-conciliar da Igreja. Seguindo o seu rastro e junto com o Documento de Aparecida, veio a Exortação apostólica Evangelii gaudium”, continuou.

O Documento de Aparecida foi o texto no qual foram coletadas as conclusões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, em maio de 2007, evento que foi inaugurado pelo Papa Bento XVI.

Naquela ocasião, o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, que era Arcebispo de Buenos Aires, foi o presidente da comissão de redação do documento de Aparecida.

Em seguida, o Papa Francisco disse que “o terceiro fato importante foi tomar como ponto de partida as intuições e opções proféticas da Conferência de Medellín para, em Puebla, dar um passo adiante no caminho da Igreja latino-americana em direção à sua maturidade. Sei que vocês estão estudando com projeção o conteúdo da Conferência de Puebla”.

A Conferência de Medellín foi a segunda deste tipo e foi realizada naquela cidade colombiana com a participação do Papa São Paulo VI, em 1968.

Em Puebla, em 1979, continuou o Papa Francisco em seu discurso, alguns dos conteúdos tinham a ver com “a novidade de uma autoconsciência histórica da Igreja na América Latina, uma boa eclesiologia que retoma a imagem e o caminho do povo de Deus no Concílio Vaticano II, uma mariologia bem inculturada, os capítulos mais ricos e criativos sobre a evangelização da cultura e da piedade popular na América Latina, a crítica corajosa à falta de conhecimento dos direitos humanos e das liberdades que se viviam na época naquela região, e as opções pelos jovens, pelos pobres e construtores da sociedade”.

“Pode-se dizer que Puebla lançou as bases e abriu estradas para Aparecida. Bastaria afirmar isso para destacar a boa oportunidade de comemorar seus 40 anos, não somente olhando para trás, mas projetando-a até nossos dias eclesiais”, concluiu.

O que são as Conferências Gerais?

As Conferências Gerais são reuniões de bispos nas quais os pastores e outros especialistas convidados analisam a vida da Igreja em seus territórios, descobrem aspectos positivos e negativos, identificam problemas comuns e deliberam de comum acordo sobre soluções e linhas de ação pastoral.

A Conferência Geral é convocada pelo Santo Padre, que aprova o tema, abre a reunião e a orienta com seu discurso inicial. Ele também é quem aprova as conclusões do modo que estima mais adequado, em geral, com um documento com o nome da cidade onde se realiza o evento.

Na América Latina, foram realizadas cinco Conferências Gerais: Rio, em 1955; Medellín, em 1968; Puebla, em 1979; Santo Domingo, em 1992; e a última em Aparecida, em 2007.

Esta última foi inaugurada pelo Papa Bento XVI e teve como um de seus principais participantes o Papa Francisco, então Cardeal Jorge Mario Bergoglio.

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