Grupos pró-vida na Argentina rejeitaram a postura a favor do aborto do candidato presidencial da Frente de Todos, Alberto Fernández, e assinalaram que assim demonstra seu total desconhecimento da vontade do povo e da democracia. 

As eleições primárias na Argentina definiram um cenário favorável para o candidato presidencial Fernández e para a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, que é candidata a vice-presidente. As eleições gerais serão no dia 27 de outubro e o presidente será eleito para o período 2019-2023.

Depois das primárias, Fernández disse aos meios de comunicação que tem "a decisão política" de aprovar o aborto porque ele não quer que "mais nenhuma mulher morra".

Para conseguir isso, disse que, em primeiro lugar, despenalizaria o aborto para deixar de ser clandestino e depois seria legalizado.

O presidente da Fundação Mais Vida, Raúl Magnasco, manifestou ao Grupo ACI que estão "consternados" com as declarações de Fernández, porque "demonstram um total desconhecimento sobre a vontade do povo e vão contra a democracia que há um ano rejeitou de forma contundente a despenalização do aborto no Congresso”.

"Estas declarações são motivo de preocupação na região que vê a democracia argentina correndo perigo nas mãos daqueles que poderiam assumir o cargo de presidente em um novo capítulo do autoritarismo cultural, pretendendo oprimir o povo com medidas claramente rejeitadas pela cidadania”, assegurou.

Da mesma forma, Silvina Spataro, Diretora de Campanhas de CitizenGO Argentina, repudiou as declarações de Fernández porque “se faz de surdo” ao não escutar o povo argentino e o Congresso Nacional, que rejeitaram o projeto de descriminalização do aborto em um dia histórico de debates no Senado entre 8 e 9 de agosto de 2018.

O debate também gerou na Argentina o nascimento do movimento pró-vida chamado Onda Celeste, que rapidamente cruzou as fronteiras e se consolidou através de diferentes organizações civis em outros países latino-americanos.

"Através das diferentes marchas e manifestações, ficou claro que a maioria dos argentinos rejeita o crime do aborto, que o veem como um grande negócio que as organizações internacionais querem impor”, acrescentou.

Após o debate, "ficou claro que o aborto não é um problema de saúde pública, como se empenham em afirmar", disse Spataro ao Grupo ACI.

“As mortes por causa do aborto representam 0,025% do total de mortes femininas. Em 2016, em todo o país, houve 43 mortes por aborto, sem diferenciar entre interrupções voluntárias da gravidez e abortos espontâneos”, destacou.

Spataro considerou que os líderes devem “se preocupar em atender as verdadeiras necessidades dos argentinos: trabalho, alimentação, moradia, que todos tenham a possibilidade de ter acesso ao que é necessário para viver e desenvolver seu potencial: é incrível que ainda haja fome em um país como a Argentina".

Spataro disse que as mulheres com gestações inesperadas devem ser apoiadas com “políticas públicas de acompanhamento, contenção e ajuda concreta, como tem sido feito no município de San Miguel”.

Nesse sentido, a organização membro da Unidade Pró-vida, uma rede composta por mais de 100 associações, assegurou que em conjunto trabalham "para promover leis de acompanhamento e contenção das mulheres grávidas e de suas famílias".

CitizenGO Argentina também trabalha na campanha “Legislem pelas Duas Vidas”, para que deputados e senadores apoiem ​​os mais de 15 projetos que “darão uma resposta real às necessidades das mulheres e de suas famílias”.

“Queremos um país onde não haja crianças descartadas e eliminadas por 'não serem desejadas', mas que sejam recebidas com amor, e se a mãe não puder criá-las, que tenham a possibilidade de viver e serem adotadas por famílias que possam lhes dar amor”, finalizou Spataro.

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