Um distrito do norte da Índia iniciou uma investigação sobre uma região onde a taxa de natalidade de meninas está em grave declínio; prova disso é que durante três meses nenhuma menina nasceu em 132 cidades.

Os dados do governo revelaram que, dos 216 bebês nascidos em 132 cidades, nenhum era menina. Por isso, a administração do distrito da região de Uttarkashi anunciou que formará um grupo de trabalho para examinar as razões.

No entanto, alguns especialistas indicaram que a razão é clara.

“Não nasceu nenhuma menina durante três meses nestas cidades. Não pode ser apenas uma coincidência. Isso indica claramente que um feticídio feminino está ocorrendo no distrito. O governo e a administração não estão fazendo nada”, disse a assistente social Kalpana Thakur à NDTV.

O feticídio é a ação e o efeito de matar um feto e é considerado um ato intermediário entre o aborto e o infanticídio.

O magistrado regional Ashish Chauhan disse à imprensa que o assunto é "suspeito e destacou o feticídio feminino".

“Identificamos áreas nas quais o número de nascimentos de meninas é zero ou em números de apenas um dígito. Estamos monitorando essas zonas para descobrir o que está afetando a proporção. Uma pesquisa e um estudo detalhados serão realizados para identificar o motivo por trás disso”, acrescentou Chauhan.

Este último também anunciou aos profissionais de saúde para que estejam atentos a outros casos na região.

Em 1994, a Índia proibiu o aborto seletivo por sexo. No entanto, alguns especialistas dizem que a prática persiste porque os meninos são vistos como mais capazes de contribuir financeiramente para as necessidades de uma família, e os costumes de casamento exigem que os pais das meninas paguem um dote substancial. No hinduísmo, a religião predominante da Índia, as crianças do sexo masculino realizam os rituais funerários de seus pais.

Um censo de 2011 descobriu que havia 943 mulheres para cada 1.000 homens no país e estatísticas recentes sugerem que a proporção de mulheres para homens está se distanciando ainda mais.

Autoridades do governo afirmaram, em 2015, que cerca de 2.000 meninas morrem diariamente na Índia, tanto por aborto quanto por infanticídio.

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