"Não nos corresponde decidir sobre a vida, mas protegê-la desde o início até o seu fim natural". Com essa frase, o Arcebispo de Madri (Espanha), Cardeal Carlos Osoro, manifestou seu pesar pela morte de Vincent Lambert, tetraplégico, de 43 anos, depois da decisão de seus médicos de desconectar as máquinas de alimentação e hidratação dele.

Através de uma mensagem divulgada em seu perfil da rede social Twitter, o Cardeal Osoro assinalou que "cuidar do irmão faz parte da natureza que nos deu Quem nos criou. Não nos corresponde decidir sobre a vida, mas protegê-la desde o início até o seu fim natural”.

Vincent Lambert faleceu na quinta-feira, 11 de julho, no hospital francês Chu de Reims. Desde 2 de julho, estava sem os suportes mecânicos necessários para mantê-lo com vida. Ficou tetraplégico por mais de 10 anos, após sofrer graves lesões na cabeça em um acidente de moto em 2008.

Desde então, Lambert esteve no centro de uma prolongada batalha judicial sobre a eliminação da alimentação e hidratação. Seus pais, Pierre e Viviane, lutaram nos tribunais franceses desde 2013 para mantê-lo vivo; por outro lado, sua esposa Rachel – apoiada por alguns irmãos de Vincent – pedia para desconectar os suportes vitais dele.

Rachel disse que Vincent Lambert lhe confirmou que não gostaria de ser mantido vivo se em algum momento estivesse em um "estado vegetativo", mas isso nunca foi colocado por escrito.

No dia 28 de junho, o Tribunal de Cassação, a máxima autoridade judicial da França, autorizou a remoção de seu suporte vital, revogando assim uma decisão anterior do Tribunal de Apelações de Paris. Este último tinha ordenado em 20 de maio que fossem retomadas a alimentação e a hidratação que haviam sido retiradas de Lambert algumas horas antes.

Em 2 de julho, os médicos enviaram um e-mail para a família de Lambert informando que retirariam novamente a sua alimentação e a água.

Através de um comunicado do diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, o Vaticano também manifestou sua tristeza pela morte de Lambert.

Gisotti lembrou as palavras do Papa Francisco quando se referiu a este caso: "Deus é o único dono da vida do início até o fim natural e é nosso dever protegê-la sempre e não ceder à cultura do descarte".

Além do Pontífice, também o prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Sarah, lamentou através de uma mensagem no Twitter o encerramento triste da batalha de Vincent Lambert por sua vida e disse que "morreu como um mártir".

"Neste dia triste, rezo pelo descanso eterno da alma de Vincent Lambert, que morreu como um mártir, vítima da loucura assustadora dos homens do nosso tempo. Rezo por sua família e, em particular, por seus pais tão corajosos, tão dignos. Não tenhamos medo. Deus está vendo".

Por fim, o Arcebispo de Paris, Dom Michel Aupetit, pediu aos sacerdotes franceses, em 10 de julho, que oferecessem missas por Vincent Lambert.

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