O Papa Francisco afirmou recentemente que "me parece muito mal" a ideia de compactuar com os cartéis do tráfico de drogas para alcançar a paz no México.

Entrevistado pela jornalista Valentina Alazraki para a rede de televisão mexicana Televisa, o Santo Padre assinalou que não se deve compactuar com o tráfico de drogas para erradicar a violência: "É como se eu, para ajudar na evangelização de um país, fizesse um pacto com o diabo".

"Há pactos que não devem ser feitos", disse na entrevista transcrita hoje, 28, na edição em espanhol do Vatican News.

A violência no México continua aumentando e nos três primeiros meses deste ano já aconteceram 8.493 assassinatos, o maior registrado. De acordo com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Criminal A.C., das 50 cidades mais perigosas do mundo em 2018, 15 são mexicanas.

Tijuana e Acapulco ocuparam o primeiro e segundo lugar da lista.

No entanto, o Papa Francisco indicou que um acordo político deve "ser feito para o bem do país".

"Eu não sei quais medidas específicas eu recomendaria a um governo, porque essa é uma tarefa da política, da política criativa. Sejam criativos na política, uma política de diálogo, de desenvolvimento. De compromisso. Às vezes não há outro remédio que o compromisso, de compactuar com certas situações até que outras se esclareçam, não é mesmo?

Esses pactos, indicou, devem ser feitos "com outros que não pensam como nós".

"Se os administradores da política de um país estão brigando entre si, o país sofre", assinalou, e encorajou que "compactuem pelo bem do país".

O Papa Francisco sublinhou que devem "buscar soluções políticas, que eu não sei dizer, porque não sou um político... Eu não tenho esse ofício. Mas a política é criativa".

O Santo Padre observou que, embora a política seja "uma das mais altas formas de caridade, do amor, do amor social", quando cada um puxa para o seu próprio lado, "então, se cria uma situação de violência no próprio seio da tarefa política".

É necessário, acrescentou, uma "convocação de acordos para resolver os graves problemas de um país".

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