No início de abril, o Papa Francisco reconheceu as virtudes heroicas do agora proclamado venerável Frei Damião de Bozzano, um capuchinho que atuou no Brasil, de modo particular na região Nordeste, onde ficou conhecido por suas santas missões.

Mas, o que eram essas santas missões promovidas por Frei Damião? Em entrevista concedida a Vatican News, o Postulador de sua Causa de Beatificação, Frei Jociel Gomes, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, explicou que se tratava de “uma continuidade daquilo que faziam os antigos missionários capuchinhos franceses e italianos que por aqui estiveram”.

Frei Damião nasceu em Bozzano, na Itália, em 5 de novembro de 1898, tendo recebido o nome de Pio Gianotti. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 17 de março de 1911, foi ordenado sacerdote em 25 de agosto de 1923 e, em 1931, foi enviado ao Brasil, onde desenvolveu sua missão na região Nordeste.

De acordo com Frei Jociel Gomes, ao chegar ao Brasil, Frei Damião “continua esta forma de evangelização” dos capuchinhos, que consistia, geralmente, “em sete dias em cada cidade”.

“A programação desses dias tinha sempre caminhadas penitenciais pelas madrugadas – geralmente começava às 4h –, em seguida, a celebração da Eucaristia”. Ao longo do dia, dedicava-se a atender confissões, sendo das mulheres, jovens, adolescentes durante o dia e, à noite, dos “homens, porque a maioria trabalhava”.

“Também havia encontros específicos para diversos grupos durante esses dias, para casais, só para mulheres, só para homens, só para jovens, só para crianças”, conta o postulador.

Além disso, explica que, “quando na cidade tinha uma cadeia, também em um dos dias ele visitava os presos”. Também realizava visitas a “escolas, hospitais”.

“Quando alguém não podia ir à Igreja, geralmente ele ou os companheiros que estavam com ele também iam até a casa dessa pessoa para atender a confissão, para dar a unção dos enfermos”.

A noite, segundo o capuchinho, “era sempre marcada pelo grande sermão”, pois, “como a Missa era pela manhã, à noite, as pessoas iam para a praça, para a igreja, para escutar os sermões do Frei Damião, muitos conselhos a partir daquilo que diz os Evangelhos, a orientação da Igreja”.

“Então, o povo ia e ficava realmente atento, porque sabia que as palavras do Frei Damião resplandeciam a própria Palavra de Deus”, acrescentou.

Reconhecimento das virtudes heroicas

Depois de uma reunião no dia 6 de abril com o Cardeal Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Papa Francisco assinou, entre outros, o decreto que reconheceu as virtudes heroicas de Frei Damião Bozzano.

A notícia sobre este decreto foi divulgada pela Santa Sé em 8 de abril e recebida “com muita alegria” pelos capuchinhos e pelos fiéis no Brasil. “É realmente uma resposta ao nosso povo que clama por isso”, declarou a Vatican News Frei Jociel Gomes.

“Costumo dizer que, aqui no Nordeste, na Igreja no Brasil, Frei Damião já tem um altar no coração das pessoas. Mas, a Igreja precisa reconhecer isso oficialmente e, para isso, nós temos um processo formal de canonização”, assinalou.

Nesse sentido, assegurou que o reconhecimento das virtudes heroicas de Frei Damião foi recebido “com muita alegria, com muito entusiasmo, nessa esperança de que, ao reconhecer o testemunho de vida e santidade de Frei Damião, com certeza, a nossa Igreja só vem a ganhar, o Brasil de modo especial”.

“Frei Damião é um grande referencial de fé, de esperança, de caridade para a nossa gente, em particular, para a juventude, que hoje clama por essas referências”, garantiu.

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