O Administrador Apostólico de Caracas e Arcebispo de Mérida (Venezuela), Cardeal Baltazar Porras, lembrou que a desobediência civil é um direito fundamental que deve ser exercido quando as forças de segurança do Estado têm a ordem de atentar contra a vida dos cidadãos.

Em declarações à imprensa recolhidas por NTN24 em 19 de março, o Purpurado venezuelano afirmou que "os órgãos de segurança do Estado não existem para cuidar do Estado, mas para cuidar dos cidadãos".

"Por isso, qualquer ordem que seja contrária à vida da cidadania é uma ordem de matar, é uma ordem que não tem o dever de ser cumprida nem acatada porque a desobediência civil também é um direito fundamental”, destacou o Cardeal.

O Cardeal Porras assinalou que "é um direito do cidadão, um direito em qualquer democracia poder manifestar e expressar que os problemas sejam resolvidos. Sempre pedimos que isso seja feito em paz, não apenas por parte dos manifestantes", mas por parte das forças de segurança do Estado.

As declarações do Cardeal ocorreram no mesmo dia em que a Alta Comissária de Direitos Humano da ONU e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, entregou seu relatório ao organismo mundial em Genebra (Suíça) após o envio de uma missão à Venezuela.

"No contexto da última onda de protestos nos primeiros dois meses deste ano, meu escritório documentou numerosas violações de direitos humanos, torturas e abusos cometidos por forças de segurança e grupos armados pró-governo", disse Bachelet.

Indicou que na Venezuela há uma "redução do espaço democrático", devido à limitada liberdade de expressão e criminalização dos protestos pacíficos e da dissidência.

Ajuda humanitária para Venezuela

Por outro lado, o Cardeal Porras também encorajou a oposição a insistir na entrada de ajuda humanitária para o país, que está passando por uma grave crise devido à falta de alimentos, medicamentos, serviços de saúde, água e eletricidade, uma situação que se agravou nos últimos dias com um apagão que afetou toda a Venezuela.

A ajuda humanitária, disse o Purpurado, deve ser "para as crianças desnutridas, para os idosos, para aqueles que estão em tratamento permanente, que não podem deixá-lo porque significaria ir direto para a morte. Nisso temos que continuar insistindo”.

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