O porta-voz da Santa Sé, Alessandro Gisotti, assinalou que diante da informação de que em dezembro um Tribunal da Austrália declarou o Cardeal George Pell culpado de abuso sexual, o Vaticano mantém as medidas canônicas previstas para o Purpurado, que recorreu à sentença e aguarda a decisão final da justiça australiana.

A imprensa internacional informou na manhã australiana de 26 de fevereiro que, em dezembro de 2018, o Tribunal de Melbourne condenou o Cardeal Pell por abuso sexual de menores em 1996, quando era Arcebispo de Melbourne.

Embora a sentença tenha sido emitida no final do ano passado, a imprensa só pôde publicá-la agora, porque desde junho de 2018 havia uma proibição judicial de informar na Austrália sobre o primeiro julgamento, para evitar influência sobre o segundo.

Além do julgamento por supostos abusos de 1996, o Purpurado também é acusado deste crime quando era sacerdote em Ballarat nos anos 1970. Esse segundo julgamento foi recentemente descartado pelos promotores.

No entanto, apesar da proibição, alguns meios de comunicação vazaram a sentença de condenação em dezembro.

Assim que a sentença foi emitida, o Cardeal Pell apresentou um recurso e espera-se que a decisão judicial final seja tomada nos próximos dias.

Os bispos australianos divulgaram um comunicado que expressa que a sentença condenatória "causou um forte impacto em muitas pessoas na Austrália e em todo o mundo, incluindo a Conferência Episcopal Australiana".

"Os bispos estamos de acordo em que todas as pessoas são iguais perante a lei e nós respeitamos o sistema legal australiano", indicaram. "O mesmo sistema legal que deliberou a sentença oferece ao Cardeal a opção legal de recorrer. Nossa esperança, sempre, é que a justiça seja feita através deste processo", acrescentaram os bispos.

Enquanto isso, "rezamos por aqueles que sofreram abusos e por seus entes queridos, e nos comprometemos novamente a fazer todo o possível para assegurar que a Igreja seja um lugar seguro para todos, especialmente para as crianças e os mais vulneráveis ​​".

Em sua declaração emitida neste dia 26 de fevereiro, o diretor interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti, disse que "a Santa Sé se une ao que foi declarado pelo presidente da Conferência Episcopal Australiana ao tomar conhecimento da sentença de condenação em primeiro grau do Cardeal George Pell".

"Uma notícia dolorosa que, bem o sabemos, chocou muitíssimas pessoas, não somente na Austrália. Como já afirmado em outras ocasiões, reiteramos o máximo respeito pelas autoridades judiciárias australianas", indicou.

Gisotti observou que, "em nome deste respeito, esperamos agora o êxito do julgamento da apelação, recordando que o Cardeal Pell reiterou sua inocência e tem o direito de se defender até o último grau".

"À espera do julgamento definitivo, nos unimos aos bispos australianos na oração por todas as vítimas de abuso, reiterando nosso compromisso em fazer todo o possível a fim de que a Igreja seja uma casa segura para todos, especialmente para as crianças e os mais vulneráveis", afirmou.

O porta-voz do Vaticano indicou que, "para assegurar o percurso da justiça, o Santo Padre confirmou as medidas cautelares já adotadas em relação ao Cardeal George Pell pelo ordinário do lugar ao retorno do Cardeal Pell à Austrália".

Isso quer dizer que, "à espera da averiguação definitiva dos fatos, está proibido ao Cardeal Pell, a título de medida cautelar, o exercício público do ministério e, segundo a norma, todo e qualquer tipo de contato com menores de idade".

Criado Cardeal em 2003, George Pell entrou em 2013 no Conselho de Cardeais, conhecidos como C9, que aconselha o Papa sobre a reforma da Cúria; e, em 2014, foi nomeado Prefeito do Dicastério responsável pelas finanças da Igreja.

Em 2014, a comissão que investiga casos de abusos na Austrália o chamou para testemunhar sobre supostos encobrimentos a sacerdotes abusadores na década de 1970.

A acusação foi formalizada em dezembro de 2015, embora ele tenha negado conhecer qualquer denúncia.

Em outubro de 2016, foi acusado de abusos em Melbourne. A acusação foi formalizada em 2017 e, em julho do mesmo ano, o Cardeal Pell deixou suas responsabilidades na Cúria Romana para retornar para a Austrália e se defender pessoalmente das acusações.

O Purpurado sempre defendeu sua inocência e relatou ter sido vítima de um ataque contra sua pessoa.

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