O texto que ficou conhecido como “Declaração de Fé” escrito pelo Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, recebeu grande atenção e acolhida por parte de católicos em todo o mundo, entretanto, na opinião do Cardeal Walter Kasper, que promove ideias como dar a comunhão a divorciados em nova união, o documento do Cardeal Müller contém “meias verdades” e promove “confusão e divisão”.

A Declaração do Ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé foi publicada em vários idiomas, e contém explicações sobre a divindade de Jesus, o propósito da Igreja, a ordem sacramental e a lei moral.

O Cardeal também se pronunciou sobre a controvérsia sobre algumas interpretações da exortação apostólica Amoris laetitia do Papa Francisco.

Por outro lado um outro purpurado alemão, o Cardeal Walter Kasper, reagiu com duras críticas. Em um texto publicado no portal katholisch.de, reconhece que a Declaração do Ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé “contém muitas declarações de fé que todo católico reto pode afirmar de todo coração”, mas assegura que algumas das verdades são tão ressaltadas ao ponto de que outras se percam em desmedro.

É verdade, acrescentou, que “a confissão do Deus Trino é uma diferença fundamental na fé em Deus e a imagem do homem com respeito a outras religiões”.

“Mas não há semelhanças, especialmente com os judeus e os muçulmanos, na fé no único Deus e não são estes pontos em comum hoje fundamentais para a paz no mundo e na sociedade? Verdade pela metade não é a verdade católica!”, disse o Cardeal Kasper.

O Cardeal Kasper indicou ainda que se sentiu “totalmente horrorizado” ao ler “sobre a ‘fraude do Anticristo’ para o final da declaração”.

“Isto quase literalmente evoca a lembrança do argumento do Lutero”, assinalou, comparando o propulsor da reforma do século XVI com o Cardeal Müller.

“Lutero também muito corretamente criticou muito na Igreja. Mas a acusação do Anticristo era, como nossos companheiros de diálogo luteranos dizem hoje, já inapropriada naquele então”.

“Há uma reciclagem do Lutero atrás do manifesto? Alguém que retamente defende reformas na Igreja, mas quer aprová-las e derrotar o Papa? Não quero acreditar seja isso”, escreveu o Cardeal Kasper.

As linhas a que se refere o Cardeal Kasper na Declaração do Cardeal Müller são: “Ocultar estas e outras verdades de fé e ensinar ao povo em consequência, é o pior engano do qual o Catecismo adverte enfaticamente. Representa a prova final da Igreja e leva o povo a um engano religioso de mentiras, ao "preço de sua apostasia da verdade" (675); é o engano do Anticristo. "Ele enganará os que se perdem por toda classe de injustiça, porque se fecharam ao amor da verdade, pela qual deviam ser salvos" (2 Tessalonicenses 2,10).”.

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