O presidente da Conferência Episcopal da Venezuela (CEV), Dom José Luis Azuaje, afirmou que o povo está vivendo "situações lamentáveis que desencadearam uma crise generalizada", como a falta de alimentos, mas está "disposto a fazer qualquer coisa para alcançar sua liberdade".

"Há muito tempo, na Venezuela, vivemos em situações lamentáveis ​​que desencadearam uma crise generalizada, especialmente na esfera econômica, política e até ética-moral. Vive-se a fome do povo venezuelano, assim como a insegurança, não só jurídica como também pessoal".

"Neste momento, há uma situação de muito medo. As pessoas estão dispostas a fazer o que for para conseguir sua liberdade", afirmou o também Arcebispo de Maracaibo em entrevista concedida à Arquidiocese de Santiago, Chile, em 1º de fevereiro.

O Prelado manifestou que a Venezuela vive hoje um "panorama da repressão através dos órgãos de segurança do Estado e, com algo que é lamentável, a violação dos direitos" dos jovens e das crianças.

Do mesmo modo, disse que "alguns líderes comunitários são presos, levados a áreas de reclusão, com julgamentos violentos e muitas vezes inconstitucionais".

"Amedrontam as pessoas que levantam a voz exigindo os direitos do povo venezuelano de ter comida, remédios e segurança, todas as coisas que faltam no país", continuou.

Sobre as recentes intimidações feitas por grupos armados, como aconteceu na igreja Nossa Senhora de Guadalupe, em Maracaibo, disse que em sua maioria são pessoas humildes que "são levadas através de veículos oficiais para cometer essas más ações".

"Esses grupos violentos também foram violentados por grupos políticos que não aparecem e enviam pessoas contra seus irmãos", lamentou.

Por outro lado, diante das acusações de que a Igreja na Venezuela tem participado de várias manifestações de oposição, Dom Azuaje afirmou que esta participação não é contra o "governo", mas para "acompanhar o povo venezuelano".

"Nós vamos continuar a acompanhá-los, porque eles são pessoas que querem a paz, querem a harmonia, mas também lutam pela libertação, pelo desenvolvimento humano integral e para que a dignidade humana volte ao nosso país", expressou.

"Muitas vozes criticaram isso – continuou Dom Azuaje –, mas a maioria do povo venezuelano, graças a Deus, aprovou e considerou positivo esse acompanhamento das pessoas, porque os sacerdotes não são para acompanhar ordens políticas, mas para buscar que os valores da democracia que estão na nossa Constituição, realmente estejam presentes todos os dias em todas as comunidades".

Finalmente, o Prelado disse que o chamado constante dos bispos é para "não perder a esperança".

"Há uma grande maioria que deseja uma mudança e eu acho que essa é a maior pressão que o governo sofre, não tanto dos organismos internacionais, mas especialmente no campo da força de um povo que se manifesta, mas com um sentido de paz, de tranquilidade, um sentido de não gerar violência. Infelizmente, a violência vem dos militares. Acho que temos um elemento muito valioso que é a força que tem o nosso povo venezuelano", concluiu.

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