Pouco antes de partir para os Emirados Árabes Unidos na tarde de hoje, o Santo Padre falou a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar com o Pontífice a oração do ângelus e partilhou algumas reflexões sobre o Evangelho deste domingo, que mostra Jesus sendo recebido com desdém pelos seus próprios conterrâneos e não pôde fazer milagres ali, ressaltando que ter fé implica entender a lógica da manifestação de Deus antes que exigir grandes sinais visíveis para só então acolher o Senhor Jesus e sua mensagem.

O Papa Francisco ressaltou que o relato do Evangelho proposto pela liturgia deste domingo (Lc 4,21-30) nos mostra que “o ministério público de Jesus começa com uma rejeição e com uma ameaça de morte, paradoxalmente propriamente por parte de seus concidadãos”.

“Ao viver a missão a Ele confiada pelo Pai, Jesus sabe que deve enfrentar o cansaço, a rejeição, a perseguição e a derrota. Um preço que, ontem como hoje, a autêntica profecia é chamada a pagar”, afirmou o Santo Padre.

“Deus quer a fé, eles querem milagres, os sinais; Deus quer salvar todos, e eles querem um Messias em favor dos interesses deles. E para explicar a lógica de Deus, Jesus dá o exemplo de dois grandes profetas antigos: Elias e Eliseu, que Deus mandou curar e salvar pessoas não judias, de outros povos, mas que tinham confiado em sua palavra”, destacou.

Diante deste convite a abrir o coração deles à gratuidade e à universalidade da salvação, continuou o Pontífice, os cidadãos de Nazaré se rebelam, e até mesmo assumem uma atitude agressiva, que degenera a tal ponto que “se levantaram e o expulsaram da cidade e o conduziram até um cimo da colina com a intenção de precipitá-lo de lá”. “A admiração do primeiro instante transformou-se numa agressão, uma rebelião contra Ele”, acrescentou o Papa.

O Pontífice observou que, porém, a dura rejeição não desencoraja Jesus: “Ele segue adiante por seu caminho, confiando no amor do Pai”, destacou.

“Também hoje, o mundo precisa ver profetas nos discípulos do Senhor, isto é, pessoas corajosas e perseverantes ao responder à vocação cristã. Pessoas que seguem o ‘impulso’ do Espírito Santo, que as envia a anunciar esperança e salvação aos pobres e aos excluídos; pessoas que seguem a lógica da fé e não dos milagres; pessoas dedicadas ao serviço de todos, sem privilégios e exclusões. Em poucas palavras: pessoas que se abrem a acolher em si mesmas a vontade do Pai e se comprometem a testemunhá-la fielmente aos outros”, afirmou.

Por fim, o Santo Padre aludiu à sua iminente partida, no início da tarde deste domingo, em breve viagem aos Emirados Árabes Unidos, pedindo a todos que o acompanhassem com suas orações. Francisco estará em Abu Dhabi deste domingo até a próxima terça-feira, 3 a 5 de fevereiro.

O Santo Padre despediu-se dos fiéis após a oração mariana lembrando a situação do Iêmen:

“Acompanho com grande preocupação a crise humanitária no Iêmen. A população encontra-se extenuada com o longo conflito e muitíssimas crianças padecem a fome, mas não se consegue ter acesso aos depósitos de alimentos. O grito destas crianças e de seus pais sobem a Deus. Faço apelo às partes envolvidas e à Comunidade internacional a fim de favorecer com urgência a observância dos acordos alcançados, assegurar a distribuição do alimento e trabalhar pelo bem da população. Convido todos a rezar pelos irmãos do Iêmen.”

Em seguida, o Santo Padre iniciou uma Ave-Maria e concluiu: “Rezemos forte, porque são crianças que têm fome, têm sede, que não têm medicamentos e estão em risco de morte. Levemos para casa conosco este pensamento.”

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