Em uma franca entrevista concedida ao jornal colombiano “El Tiempo”, o Cardeal Rosalío Castillo Lara teve novamente palavras duras sobre o Presidente Hugo Chávez, a quem qualificou de um “ditador paranóico”.

Durante a entrevista concedida ao jornalista colombiano Yamid Amat, o Cardeal Castillo Lara, a figura mais destacada do clero na Venezuela, comparou ao Chávez com outros ditadores que teve o país, e assinalou que as tensões com a Igreja foram produzidas pelas sobre reações do Presidente diante das críticas legítimas.

“A hierarquia eclesiástica assinalou algumas coisas que merecem ser corrigidas. Em relação com os direitos humanos, com determinados abusos, com presos políticos e coisas desse gênero. O Presidente não aceita nenhuma crítica, nenhuma dissidência. Em vez de responder a crítica, ele trata de desqualificar à pessoa que a faz. Então, insulta à Conferência Episcopal, insulta-me . Mas a Igreja é a instituição que goza da maior credibilidade na Venezuela”, disse o Cardeal.
O Cardeal denunciou além que “através de seu discurso, o Presidente criou uma tremenda polarização que tem sua raiz no modo de atuar do Presidente, que não parece ser chefe de Estado, mas sim chefe de um partido. Considera como venezuelano só a quem é de seu partido, a quem o segue. A isso lhe acrescenta o modo despótico como exerce a autoridade”.
“Aqui não há democracia”, disse o Cardeal; “este é um governo despótico”.  “Se a coisa seguir assim, o desejo do Chávez é que seja uma sucursal de Cuba, quer dizer, um regime castro-comunista onde a propriedade privada não exista e, se existir, que esteja muito controlada”, advertiu.
O Cardeal disse também que  Chávez “sonha com ser o ‘libertador da América. Isso de ter renomeado República Bolivariana da Venezuela não é por Bolívar. Bolívar não lhe interessa para nada. Ele acredita que com isso pode levantar os povos latino-americanos para opô-los ao ‘imperialismo ianque’. É um paranóico”.
Ao ser perguntado sobre se a Igreja se “misturava em política”, o Cardeal Castillo Lara respondeu que  a primeira missão da Igreja é anunciar o Evangelho. Essa missão inclui a defesa da pessoa humana. A Igreja não pode fechar os olhos diante dos atropelos. Não fazemos política, mas sim pregamos a doutrina de moral social”.
“A Igreja não diz nem dirá quem deve ser Presidente. Isso não lhe toca à Igreja. Mas sim denunciar que há presos políticos, que há abusos, que há torturas, isso não é fazer política”, adicionou.
“Enviaria sua bênção ao Chávez?”, pergunta finalmente o jornalista. “Mais que a bênção, faria-lhe um exorcismo”, concluiu o Cardeal.