No avião que o levou do Panamá a Roma, o Papa Francisco afirmou: "Não concordo em permitir o celibato opcional"; e recordou que em tempos difíceis como a década de 1960, Paulo VI disse que preferia "dar a vida antes de mudar a lei do celibato".

Na coletiva de imprensa durante o voo papal, o Santo Padre respondeu uma pergunta sobre a possibilidade de permitir que os homens casados ​​possam ser sacerdotes no rito latino, o que é possível no rito católico oriental, como o Papa recordou.

"No rito latino, uma frase de São Paulo VI vem à minha mente: Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato. Neste momento, isso me veio em mente e quero afirmá-lo porque é uma frase corajosa. Ele disse isso em 1968-1970, num momento mais difícil do que o atual”.

"Pessoalmente, penso que o celibato seja um dom para a Igreja", ressaltou.

"Segundo, não concordo em permitir o celibato opcional. Não. Permaneceria alguma possibilidade nos lugares mais distantes, penso nas ilhas do Pacífico, mas é algo em que pensar quando há necessidade pastoral. O pastor deve pensar nos fiéis", continuou.

"Não ao celibato opcional antes do diaconato. É uma coisa minha, pessoal. Eu não o farei, isso é claro. Sou fechado? Talvez, mas não me sinto de colocar-me diante de Deus com esta decisão", destacou o Papa.

Francisco então fez referência à tese de Dom Fritz Lobinger, bispo emérito de Aliwal (África do Sul), que propôs que se poderia ordenar sacerdote um idoso casado ​​para celebrar a Missa, confessar e dar a Unção dos Enfermos.

"Em muitos lugares", diz Lobinger, "quem faz a Eucaristia? Os diretores e organizadores dessas comunidades são diáconos, religiosas ou leigos. Se poderia ordenar sacerdote um idoso casado? Esta é a sua tese. Mas que exercite apenas o munus sanctificandi, isto é, celebre a Missa, administre o Sacramento da Reconciliação e dê a unção dos enfermos", disse o Papa.

Ao ser questionado sobre os "sacerdotes protestantes casados ​​que se converteram católicos", o Pontífice indicou que estes são, por exemplo, os anglicanos que entraram na Igreja Católica há alguns anos, quando o Papa Bento XVI estabeleceu um método para fazê-lo através de ordinariatos, especialmente em países como a Inglaterra e os Estados Unidos.

O método e a forma como esses anglicanos podem ingressar na Igreja Católica estão assinalados na Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus do ano de 2009. O documento afirma que, em alguns casos, clérigos anglicanos casados ​​que se convertam podem ser sacerdotes católicos.

A esse respeito, Francisco disse que esses são "os sacerdotes anglicanos que se tornaram católicos, mantendo suas vidas como se fossem orientais. Lembro-me de ter visto muitos deles com o colarinho clerical e com mulheres e crianças numa audiência de quarta-feira. É verdade. Obrigado por me lembrar disso".

Confira também: